Narra uma lenda chinesa que, às margens de imenso rio, vivia um pescador muito pobre.
Mal
o rosto dourado da manhã se abria em sorrisos e as mãos brincalhonas da
brisa matinal começavam a espalhar perfumes, ele se levantava e seguia
para o rio.
As aves voavam alegres pelos ramos das árvores, em gorjeios maviosos. Mas nada disso animava Vicente, o pescador.
Ele
andava lento, depois de se levantar com preguiça. Tomava o café matinal
sem prestar atenção ao pão que fora servido, com carinho.
Com
má vontade, naquela manhã, como em tantas outras, ele pegou suas redes
de pesca, os apetrechos necessários e foi para o barco.
O
dia prometia ser maravilhoso. A mãe natureza se esmerava em preparar um
detalhe diferente, para que a reprise do dia anterior não fosse total.
Um detalhe, afinal, é sempre muito importante.
Mas
Vicente nada via. Foi resmungando para o barco. Sentou-se meio a
contragosto, sempre reclamando e sentiu alguma coisa no chão. Sem olhar,
apalpou com a mão direita. Encontrou uma sacolinha com pedras miúdas.
Distraído, sem ânimo para iniciar o trabalho da pesca, começou a jogar as pequenas pedras no rio, aguardando a chegada do sol.
Jogou uma a uma, divertindo-se com as ondulações que se desenhavam na superfície das águas.
Finalmente, o sol apareceu soberano, rasgando a escuridão da noite, com o seu punhal de luz.
Agora havia calor e muita luminosidade. O novo dia abriu seu manto de belezas para que todos o pudessem apreciar.
Vicente,
ao pegar a última pedra, verificou que ela cintilava, refletindo os
raios do sol. Examinando melhor, percebeu que se tratava de um diamante,
explodindo claridade e beleza.
Levantou-se
depressa e sacudiu a sacolinha. Estava vazia. Dando-se conta que jogara
no rio uma imensa riqueza, Vicente se pôs a gritar, esbravejar,
acusando todas as pessoas e o mundo por sua desgraça.
Sentia-se infeliz e amargurado. Perdera um grande tesouro. Jogara tudo no rio.
E, enquanto gritava e se desesperava, nem se deu conta de que ainda possuía nas mãos a última pedra preciosa.
* * *
Se você acordou esta manhã com mais saúde do que doença, você é mais abençoado do que o milhão que não sobreviverá esta semana.
Se
você nunca passou pelo perigo de uma batalha, a solidão de uma prisão, a
agonia de uma tortura, ou as aflições da fome, você está à frente de
quinhentos milhões de pessoas no mundo.
Se
você tem a ventura de frequentar um templo religioso, de seguir uma
religião sem o medo de ser preso, torturado ou morto, você é mais
abençoado do que três bilhões de pessoas no mundo.
Se
você tem comida na geladeira, roupas no corpo, um telhado sobre a
cabeça e um lugar para dormir, você é mais rico do que setenta e cinco
por cento das pessoas do mundo.
Por
tudo isso, não se esqueça de agradecer a Deus a oportunidade da vida,
da saúde, da liberdade e de todas as outras bênçãos de que você
desfruta.
sempre em nosso coração, de Maria Anita Rosas Batista, ed. Minas eEm prece, de autoria desconhecida.
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