terça-feira, 28 de agosto de 2012

PARÁBOLA DO SEMEADOR

Afluindo uma grande multidão e vindo ter com Ele gente de todas as cidades,
disse Jesus em parábola:
“Saiu o Semeador para semear a sua semente. E quando semeava, uma parte da
semente caiu à beira da caminho; foi pisada, e as aves do Céu a comeram. Outra caiu
sobre a pedra; e tendo crescido, secou, porque não havia umidade. Outra caiu no meio
dos espinhos; e com ela cresceram os espinhos, e sufocaram-na. E a outra caiu na boa
terra, e, tendo crescido, deu fruto a cento por um. Dizendo isto clamou: Quem tem
ouvidos para ouvir, ouça.
Os seus discípulos perguntaram-lhe o que significava esta parábola.
Respondeu-lhes Jesus: A vós vos é dado conhecer os mistérios do Reino de Deus,
mas aos outros se lhes fala em parábolas, para que vendo não vejam; e ouvindo não
entendam:”
O sentido da parábola é este:

“A semente é a Palavra de Deus. Os que estão à beira do caminho são os que
têm ouvido; então vem o Diabo e tira a Palavra dos seus corações, para que não
suceda que, crendo, sejam salvos. Os que estão sobre a pedra são os que, depois de
ouvirem, recebem a Palavra com gozo; estes não têm raiz e crêem por algum tempo,
mas na hora da provação voltam atrás. A parte que caiu entre os espinhos, estes são
os que ouviram, e, indo seu caminho, são sufocados pelos cuidados, riquezas e
deleites da vida e o seu fruto não amadurece. E a que caiu na boa terra, estes são os
que, tendo ouvido a palavra com coração reto e bom, a retêm e dão frutos com
perseverança.”
(Mateus, XIII, 1-9 – Marcos, IV, 1-9 – Lucas, VIII, 4-15.)

A Parábola do Semeador é a parábola das parábolas: sintetiza os caracteres
predominantes em todas as almas, ao mesmo tempo que nos ensina a distingui-las
pela boa ou má vontade com que recebem as novas espirituais.
Pelo enredo do discurso vemos aqueles que, em face a Palavra de Deus, são
“beiras de caminho” onde passam todas as idéias grandiosas como gentes nas
estradas, sem gravarem nenhuma delas; são “pedras” impenetráveis às novas idéias,
aos conhecimentos liberais; são “espinhos” que sufocam o crescimento de todas as
verdades, como essas plantas espinhosas que estiolam e matam os vegetais que
tentam crescer, nas suas proximidades.
Mas se assim acontece para o comum dos homens, como para a grande parte de
terra improdutiva, que faz arte do nosso mundo, também se distingue, dentre todos,
uma plêiade de espíritos de boa vontade, que ouvem a Palavra de Deus, põem-na por
obra, e, dessa semente bendita resulta tão grande produção que se pode contar a cento
por uma”.
De maneira que a “semente” é a palavra de Deus, Lei do Amor que abrange a
Religião e a Ciência, a Filosofia e a Moral, inclusive os “Profetas” e se resume no
ditame cristão: “Adora a Deus e faze o bem até aos teus próprios inimigos.”
A Palavra de Deus, a “semente”, é uma só, quer dizer, é sempre a mesma que
tem sido apregoada em toda arte, desde que o homem se achou em condições de
recebê-la. E se ela não atua com a mesma eficácia em todos, deriva esse fato da
variedade e da desigualdade de espíritos que existem na Terra; uns mais adiantados,
outros mais atrasados; uns propensos ao bem, à caridade, à liberalidade, à
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fraternidade; outros propensos ao mal, ao egoísmo, ao orgulho, apegados aos bens
terrenos, às diversões passageiras.
A terra que recebe as sementes, representa o estado intelectual e moral de cada
um: “beira do caminho, pedregal, espinhal e terra boa”.
Acresce ainda que nem todos os pregoeiros da Palavra a apregoam tal como ela
é, em sua simplicidade e despida de formas enganosas. Uns revestem-na de tantos
mistérios, de tantos dogmas, de tanta retórica; ornam-na com tantas flores que,
embora a “palavra permaneça”, fica obscurecida, enclausurada na forma, sem que se
lhe possa ver o fundo, o âmago, a essência!
Muitos a pregam por interesse, como o “mercenário que semeia”; outros por
vangloria, e, grande parte, por egoísmo.
Nestes casos não dissipam as trevas, mas aumentam-nas; não abrandam
corações, mas endurece-os; não anunciam a Palavra, mas dela fazem um instrumento
para receber ouro ou glórias.
Para pregar e ouvir a Palavra, é preciso que não a rebaixemos, mas a
coloquemos acima de nós mesmos; porque aquele que despreza a Palavra,
anunciando-a ou ouvindo-a, despreza o seu Instituidor, e, como disse Ele: “Quem me
despreza e não recebe as minhas palavras, tem quem o julgue; a Palavra que falei,
esta o julgará no último dia: Sermo, quem locutus sum, ille judicabit eum in
novíssimo dia.” (João, XII, 48.)
Que belíssimo quadro apresenta-se às nossas vistas, quando, animados pelo
sentimento do bem e da nossa própria instrução espiritual, lemos, com atenção, a
Parábola do Semeador! A nossa frente desdobra-se vasto campo, onde aparece a
extraordinária Figura do Excelso Semeador, o maior exemplificador do amor de todas
as idades, e aquele monumental Sermão ressoa aos nossos ouvidos, convidando-nos à
prática das virtudes ativas, para o gozo das bem-aventuranças eternas!
O Espiritismo, filosofia, ciência, religião, independente de todo e qualquer
sectarismo, é a doutrina que melhor nos põe a par de todos esses ditames, porque, ao
lado dos salutares ensinos, faz realçar a sobrevivência humana, base inamovível da
crença real que aperfeiçoa, corrige e felicita!
Que os seus adeptos, compenetrados dos deveres que assumiram, semelhantes
ao Semeador, levem, a todos os lares, e plantem em todos os corações, a Semente da
fé que salva, erguendo bem alto essa Luz do Evangelho, escondida sob o alqueire dos
dogmas e dos falsos ensinos que tanto têm prejudicado a Humanidade!

Parábolas e Ensinos de Jesus/Cairbar Schutel

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