Conta
a história que, em meados do ano 1905, Elezéard Bouffierd, um homem com
pouco mais de cinquenta anos, passou a morar sozinho em uma região
montanhosa da França, no vale da Provença.
Nessa época, as terras estavam devastadas e nada crescia além das lavandas silvestres. Uma desolação total.
Havia secura por toda parte e, para que ele pudesse sobreviver ali, extraía água de uma fenda natural e profunda.
Diariamente
esse camponês dedicava-se ao trabalho de examinar, com muita atenção e
cuidado, várias sementes de carvalho. Escolhia as melhores e as separava
em grupos de dez.
Depois saía a caminhar pelas montanhas, levando consigo um comprido bastão de ferro e os grãos anteriormente selecionados.
No alto das colinas, fazia buracos com o bastão, depositava as sementes e as cobria com terra.
Plantava carvalhos numa terra que não era sua.
A cada dia, com extremo cuidado e em completa solidão, aquele homem plantava cem grãos.
Calculava
que já havia semeado cem mil árvores desde que iniciara essa tarefa.
Supunha que vinte mil brotariam. Dessas, perderia metade devido aos
imprevistos da natureza.
Em seu cálculo, restariam então dez mil carvalhos que iriam crescer em um lugar onde antes não havia nada.
Rogava sempre a Deus que lhe permitisse viver ainda por muitos anos, para que pudesse continuar a plantar.
Mantinha também um canteiro cheio de mudas de faias, árvore tipicamente europeia.
Passados
cinco anos do plantio das primeiras sementes e mudas, surgiu nas
colinas uma espécie de bruma cinzenta que as cobria como um tapete.
Na
sequência do tempo, passados mais dez anos, num espetáculo
impressionante, os carvalhos haviam crescido e se transformado numa
floresta.
As faias tinham vencido as intempéries e as bétulas formavam um admirável bosque.
Tudo
saído das mãos e da alma de um único homem que, sem utilizar nenhum
meio técnico, perseverou até a velhice, na sua inabalável tarefa de
plantar árvores, confiando apenas em seus simples recursos.
Como
símbolo máximo do renascimento, a água corria em riachos que antes
estavam secos, num impressionante efeito natural de reação.
Ao
se observar aquela beleza indescritível era possível a conclusão de que
podemos ser tão eficazes quanto Deus em algumas instâncias.
Toda a semeadura parecia ter acontecido de uma forma natural, ninguém suspeitaria que fosse obra de uma única pessoa.
O
trabalho calmo e regular, a frugalidade e, sobretudo, a serenidade da
alma, transformaram aquele homem em um colaborador de Deus.
* * *
Com
um exemplo de simplicidade e amor à natureza, esse homem demonstrou a
nossa capacidade de sermos co-criadores da obra Divina.
As
sementes por ele plantadas representam a esperança de que somos capazes
de modificar, para melhor, o local onde vivemos, legando para as
futuras gerações um mundo mais belo e promissor.
que plantava árvores, ganhador do Oscar de 1988, de melhor curta de
animação.
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