Quase todo dia se ouve dizer que a juventude somente anda às voltas com drogas e sexo irresponsável.
As
manchetes falam de jovens que assassinam seus pais, de outros que
colocam fogo em índios e mendigos, que espancam pessoas pelas ruas e
daqueles que ficam perambulando, quebrando telefones públicos, pichando
muros ou destruindo praças públicas.
Entretanto,
por volta das seis horas da tarde, quando o sol, em pleno inverno, há
muito se recolheu, e, no verão, ainda mostra a exuberância de sua forma,
observa-se um belo tumulto de jovens de ambos os sexos, pelas ruas.
Eles
saem, em grupos, de escritórios, lojas, bancos, repartições públicas e
se dirigem para escolas e faculdades, a fim de estudar, até lá pelas
onze horas da noite.
Enfrentaram
um dia todo de atividades e, muita vez, por salários baixos, quando não
como estagiários, sem remuneração, e agora se dispõem a uma jornada de
estudos.
Embaixo do braço levam sua pasta, recheada de apostilas, cadernos e livros. Ou a mochila, nas costas.
Fazem um lanche rápido, nem sempre substancial e tomam um ou mais ônibus, com rapidez, a fim de não perderem a primeira aula.
Isso, a tevê não mostra.
Como também não dá o devido destaque à Paraolimpíada, que é um dos eventos esportivos mais entusiasmantes.
Durante
as Olimpíadas, em Sydney, na Austrália, enquanto nenhuma medalha de
ouro foi conquistada pelos nossos atletas olímpicos, os nossos atletas
paraolímpicos ganharam seis medalhas de ouro.
A
tevê também não destaca e ninguém acaba dando atenção a histórias de
vida como a daquela senhora de setenta e cinco anos de idade, que
perguntou a um transeunte onde ficava um abrigo de idosos.
Julgando
ser um parente rejeitado pela família, só porque viveu tão longamente, o
informante lhe indicou uma casa assistencial, num bairro distante.
E ela, foi explicando:
Meu
filho, preciso encher de coisas boas o meu tempo. Quero ir conversar
com os velhinhos abandonados. Quero que eles me contem coisas de sua
juventude.
Ou então, vou procurar uma instituição onde possa ler livros e gravar em cds, para oferecer aos cegos que desejem ouvir.
Quero
ser útil porque aos setenta e cinco anos me sinto bem, forte, alegre e
não me custa nada dar alguma coisa a alguma criatura envelhecida e que
se sinta em solidão.
Isso, a tevê não alardeia. O jornal não destaca.
Mas jovens entusiastas, trabalhadores e estudiosos existem às centenas, em todas as cidades.
Pessoas portadoras de deficiências físicas ou mentais que superam barreiras, existem em todas as localidades.
E pessoas como a simpática senhora mencionada, enchem de luz a vida de muitas criaturas.
* * *
A
Humanidade caminha para a angelitude. Embora não nos apercebamos, todos
os dias muitas criaturas, na Terra, galgam degraus, rumo à perfeição.
E
é por isso que, embora muitos ainda detenhamos os olhares nos pântanos
da miséria humana, os oásis do bem se multiplicam, diariamente.
Aprendamos a descobri-los.
diz, de Celso Martins, da revista O espírita nº 115 e na crônica Estou com os
paraplégicos, de Diogo Mainardi, da revista Veja de 6.8.2003.
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