Em sua Segunda Epístola universal, o Apóstolo Pedro salienta o quão lamentável é no homem o hábito da blasfêmia.
E diz que os anjos, sendo maiores em força e poder, não pronunciam contra eles juízo blasfemo, diante de Deus.
Essa diferença que o Apóstolo estabelece entre a conduta humana e a angélica merece reflexão.
Afinal, os homens são anjos em perspectiva.
Encontram-se em fase de crescimento espiritual.
Já viveram longamente ao influxo dos instintos.
Deixaram-se dominar por paixões e, aos poucos, conquistaram a razão.
Hoje, transitam pela faixa racional e lutam por abandonar as paixões doentias.
Com isso, sempre de forma gradual, desenvolvem sentimentos feitos de brandura e generosidade.
Ao fim, rumarão para as faixas da angelitude.
Para tal, uma das características a ser abandonada é o hábito de blasfemar.
Ele faz com que o homem diga coisas ofensivas e indecorosas contra o semelhante.
É triste observar o grande número de pessoas dispostas a proferir sentenças negativas, umas contra as outras.
A leviandade domina-lhes as conversas.
Convertem-se em juízes da conduta alheia, sem questionar as próprias qualificações para exercer esse papel.
Nos mais diversos setores da vida, deixam que a mesquinhez lhes corrompa as atividades.
Seguramente, há honrosas exceções de pessoas que se recusam a participar de conversas maldosas.
Mas a ampla maioria não resiste ao convite da maledicência.
Muitos dos envolvidos nem chegam a notar o quanto o esforço difamatório lhes envenena a vida.
Não percebem que esse hábito os envolve em situações e sentimentos ásperos.
Passam a alimentar antipatias injustas para com os irmãos de atividades profissionais.
Estigmatizam o próximo que não lhes aceita as ideias.
Desenvolvem ojeriza pelos que discordam de seus princípios.
E, como a lei é de compensação e de troca, recebem dos colegas e vizinhos as mesmas vibrações destruidoras.
Essas guerras silenciosas por vezes duram séculos.
Elas produzem antipatias e ressentimentos que passam de uma encarnação para as seguintes.
Trata-se de um hábito nefasto, que absolutamente nada produz de bom.
Ele apenas degenera, endurece, isola e adoece o seu cultivador.
Justamente por isso, o Apóstolo chama a atenção para a conduta dos anjos.
O homem pretensioso e falador está sempre rodeado pela ação benéfica dos Espíritos iluminados e generosos.
Esses, quanto mais revestidos de poder Divino, mais se compadecem das fragilidades humanas.
Estendem aos homens suas mãos acolhedoras e jamais pronunciam juízos condenatórios diante do Senhor.
* * *
Toda vez que formos compelidos a analisar os esforços alheios, recordemos a palavra de Pedro.
Não nos esqueçamos de que as entidades angélicas, mananciais vivos de força e poder, estão sempre ao nosso redor.
Elas conhecem todas as nossas fragilidades.
Mas jamais proferem contra nós sentenças acusatórias, diante de Deus.
do livro Caminho, Verdade e Vida, pelo Espírito Emmanuel,
psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.
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