sábado, 24 de novembro de 2012

O que é normal?

Descobertas recentes sobre a origem de algumas doenças, sobre as guerras, a violência e a destruição ecológica, nos levam a questionar certas normas ditadas pela sociedade, através dos consensos existentes.
Tem-se constatado que algumas normas sociais, passadas e atuais, levaram ou levam ao sofrimento moral ou físico dos indivíduos.
Há na maioria dos nossos contemporâneos uma crença bastante enraizada.
Segundo esta, tudo o que a maioria das pessoas pensa, sente, acredita ou faz, deve ser considerado como normal e, por conseguinte servir de guia para o comportamento de todo mundo e mesmo de roteiro para a educação.
O pesquisador e escritor Pierre Weil nos traz uma nova visão sobre esse tema.
Ele chama de normose ao conjunto de normas, valores, hábitos de pensar ou de agir aprovados pela maior parte de uma determinada população e que, em algum momento, levarão a sofrimentos.
Esses comportamentos são vivenciados sem que os seus autores tenham consciência dessa natureza prejudicial.
Um exemplo simples, entre vários que poderíamos abordar, é o do consumo de cigarros.
Até algum tempo, era considerado normal que as pessoas fumassem. Mas, à medida em que ficou comprovado que o ato de fumar causa sérios danos à saúde, esse hábito começou a ser questionado.
O resultado foi que essa normalidade caiu por terra.
Assim como essa conduta perdeu adeptos, outras formas de comportamento vistas como normais hoje, poderão deixar de ser logo mais.
Nem tudo o que a maioria das pessoas aprova, através dos hábitos de pensar ou de agir, é conveniente que adotemos para nós mesmos, para nossas famílias ou para a educação de nossos filhos.
Estejamos atentos para analisar hábitos novos que a sociedade nos impõe. Hábitos que, muitas vezes, vão se instalando lenta e gradativamente.
Passamos a substituir o cuidado com o corpo físico através do lazer e do esporte, pelas infindáveis horas à frente dos computadores, televisores e jogos digitais, acreditando que é normal porque a maioria age assim.
Aos poucos, passamos a considerar normal o hábito de ingerir bebida alcóolica, com frequência e em grandes quantidades, pautados na forma como um número considerável de pessoas decidiu agir.
Crianças e jovens desrespeitam pais, professores e colegas porque os outros também têm essa conduta.
Assim como esses, poderíamos citar muitos outros exemplos, mas cabe a cada um de nós identificar o que realmente tem valor em nossas vidas.
*   *   *
Jesus nos orientou a que vivêssemos no mundo sem sermos do mundo. É difícil não ceder aos apelos que sofremos constantemente. É difícil ser diferente, mas não impossível.
Basta que tenhamos a firmeza de agir de acordo com o que realmente acreditamos e enchermo-nos de coragem para dizer não, sem nos importarmos com críticas e julgamentos.
Sigamos em frente felizes, com a certeza de estarmos pautando nosso comportamento nos valores que carregamos em nosso íntimo.

Redação do Momento Espírita, com base em texto
do livro
Normose, a patologia da normalidade, de Pierre Weil, Roberto Crema
e Yves Jean, ed. Versus.

Em  23.11.2012.

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