quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Receita da felicidade

Nos primeiros tempos apostólicos, conta-se que, dentre os discípulos, Tadeu era dos comentaristas mais inflamados, no culto da Boa Nova.
Certa feita, na casa de Pedro, ele se entusiasmou na reunião.
Relacionou os imperativos da felicidade e clamou contra os dominadores de Roma e contra os rabinos do Sinédrio.
Tocado de indisfarçável revolta, dissertou longamente sobre a discórdia e o sofrimento reinantes no povo.
Situou a causa de tudo isso nas deficiências políticas da época.
Depois que o discípulo muito falou, Jesus lhe indagou:
Tadeu, como você interpreta a felicidade?
A resposta foi:
Senhor, a felicidade é a paz de todos.
O Cristo então lhe perguntou como ele se sentiria realmente feliz.
O Apóstolo inicialmente se sentiu acanhado, mas logo começou a falar.
Disse que atingiria a tranquilidade se pudesse alcançar a compreensão dos outros.
Para isso, desejava que o próximo não lhe desprezasse as intenções nobres e puras.
Admitia que, por vezes, errava.
Entretanto, ficaria contente se os que conviviam com ele lhe reconhecessem o sincero propósito de acertar.
Respiraria abençoado júbilo se pudesse confiar nos semelhantes.
Se deles recebesse a justa consideração de que se sentia credor, em face da elevação de seu ideal.
Afirmou suspirar pelo respeito de todos, a fim de poder trabalhar sem impedimentos.
Ficaria regozijado se a maledicência o esquecesse.
Vivia na expectativa da cordialidade alheia.
Pensava que o mundo seria um paraíso se as pessoas se tratassem de acordo com o seu anseio honesto de ser acatado pelos demais.
A indiferença e a calúnia lhe doíam no coração.
Sob sua ótica, a suspeita e o sarcasmo foram organizados pelo Espírito das trevas, para tormento geral.
A impiedade que lhe dirigiam era um genuíno fel.
A maldade se assemelhava a um fantasma de dor que lhe ia ao encontro.
Em razão de tudo isso, seria venturoso se os parentes, afeiçoados e conterrâneos o tratassem melhor.
Se não o buscassem pelo que aparentava ser, nas imperfeições do corpo, mas considerassem o conteúdo de boa vontade que conservava na alma.
Disse que ficaria satisfeito se lhe concedessem o direito de ser feliz, conforme os ditames de sua consciência.
Resumindo, afirmou querer ser compreendido, respeitado e estimado por todos porque, embora ainda não fosse um modelo de perfeição, lutava para melhorar.
O Apóstolo se calou e houve um movimento geral de curiosidade quanto à opinião do Cristo.
O Mestre fixou os olhos muito límpidos no discípulo e falou, com franqueza e doçura:
Tadeu, você procura a alegria e a felicidade do mundo inteiro.
Então, proceda para com os outros como deseja que os outros procedam para com você.
Caminhando cada homem nessa mesma norma, muito em breve estenderemos na terra as glórias do paraíso.
Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no
cap.19 do livro
Jesus no lar, pelo Espírito Neio Lúcio,
psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.

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