A grande responsável pela onda de violência no estado de São Paulo, iniciada no final de outubro e que se estende pelos dias de novembro, é a ignorância plena de nossa verdadeira natureza.
Inicio a abordagem utilizando-me do lamentável fato
das mortes, em número expressivo, nas madrugadas da capital e outras cidades de
expressão do estado, mas o mesmo raciocínio pode ser aplicado aos que roubam,
estupram, violentam, planejam sequestros e roubos, invadem residências e
torturam pessoas, desviam verbas, corrompem. E cabe também aos que manipulam
bastidores para obter vantagens, chantageiam, pressionam com abusos, torturam
emocionalmente, aos que tripudiam sobre a liberdade alheia.
E não escapam os que se afundam na vaidade, na prepotência, na
arrogância, julgando-se melhores ou mais importantes que os outros, desprezando
e espezinhando pessoas, sob alegações variadas, no abuso de cargos, poderes,
status ou posição.
Não há dúvida que há graus
variados de atuação, mas todos gerando consequências no futuro. E não é castigo,
é meramente consequência.
Sim, consequência dos desatinos que a consciência cobrará
reparação.
Nunca é castigo. A vida não castiga, mas exige justiça, mais
cedo ou mais tarde.
Todo mal que fizermos a nós mesmos ou ao próximo, teremos que
reparar. Seja ele físico, patrimonial, emocional, moral ou por meio de tragédias
que matam e destroem famílias inteiras.
É que há uma lei geral para a vida: o amor. E o desrespeito à
lei gera consequências que devem ser reparadas.
Então, se soubessem os homicidas, os traficantes, os corruptos,
os assaltantes ou marginais, que torturam, matam, corrompem, roubam, desviam
dinheiro, verbas para interesse próprios, indiferentes aos desdobramentos de
seus atos, se soubessem o que cavam para sim mesmo ou as lágrimas e aflições que
os aguardam no futuro, não o fariam. E é preciso repetir: isso não é castigo,
mas simplesmente consequência gerando cobrança da consciência que exige
reparações do mal que geramos. E isto é sinal de aflição futura. É como o aluno
relapso que precisa repetir o programa escolar até aprender.
Muitas vezes julgamos o homicida com rigor e esquecemos os
crimes da calúnia, da corrupção, da tortura moral ou da chantagem emocional
sobre pessoas, que igualmente são crimes que a consciência exigirá reparação um
dia, por termos sido causa do sofrimento de alguém ou impedimento para a
harmonia geral da sociedade.
Sejamos mais conscientes de nosso papel como seres racionais. A
vida não é um brincadeira de “toma lá, dá cá”. Também não é um passeio turístico
e está muito além das frágeis aparências que nos situamos. A vida é compromisso
de aperfeiçoamento e progresso, com o dever de nos estendermos as mãos uns aos
outros. Nossa omissão, indiferença ou agressão de qualquer espécie retornará ao
nosso próprio caminho. Nada mais justo: como autores de consequências danosas
para alguém, muito natural que colhamos os resultados. Melhor, pois, abrir os
olhos com nossa liberdade.
E como iniciei a abordagem falando sobre a ignorância de nossa
verdadeira natureza, melhor que saibamos que não somos o corpo, estamos nele.
Iludidos pela versão materialista do ter, esquecemos de ser. E isso gera essa
onda de violência em todos os níveis que presenciamos diariamente. Desde a falta
de atenção e gentileza até as tragédias dos homicídios.
por Orson Peter Carrara
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