sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

TORMENTOS MODERNOS

Os avanços da ciência aliados à tecnologia favoreceram a vida com
incomparáveis contribuições: higiene e saúde, comodidade e prazer, facilidade
de locomoção e de cultura, programas de solidariedade e apoio, mais amplos
recursos de fraternidade e inter-relacionamentos pessoais...
A globalização tornou-se inevitável, ganhando-se distâncias com
velocidades expressivas e participando-se das ocorrências que têm lugar nos
mais diferentes pontos do globo.
Baniram da Terra várias endemias, erradicaram doenças cruéis, alteraram
a face do planeta, melhorando-lhe inumeráveis condições...
Não obstante, os nobres e úteis avanços não conseguiram impedir a
violência urbana; as guerras, cada vez mais destruidoras; a miséria econômica
e social; os fenômenos sísmicos; o surgimento de novas e calamitosas
enfermidades; a corrupção de vários matizes, que campeia desenfreada; os
crimes hediondos assim como a pena de morte, a eutanásia, o aborto, o
suicídio, a traição...
Aprofundaram a sonda na psique do ser humano e desvelaram muitos
enigmas que antes desvairavam, oferecendo recursos terapêuticos para
minimizar e mesmo sanar muitos transtornos. Todavia, não puderam evitar
distúrbios neuróticos e de pânico, as depressões profundas e outras tantas
patologias tormentosas da mente...
A admirável conquista da ecologia ressalta este período, preservando a
vida vegetal, animal, o meio ambiente com valiosas contribuições em favor do
planeta em pré-agonia.
Apesar disso, a vida humana perece pela fome, pelo abandono, por
diversas doenças que ainda não foram vencidas, pelo desrespeito de que é
vítima...
Ocorre que o homem interior ainda não se fez conquistar. As valiosas
realizações de fora aprisionaram-no, por outro lado, no limite das horas, no
volume esmagador dos compromissos, na multiplicidade das realizações para
a sobrevivência, estressando-o ou fazendo-o indiferente ao seu próximo,
tornando-o arrogante ou aturdido, falto de ideais superiores e abarrotado de
coisas sem significado real.
As exigências sociais tiraram-lhe a naturalidade, e os anseios de triunfos
externos desestruturam-no, tornando-se-lhe importantes os valores que se
fazem conhecidos, embora escravizem, em detrimento daqueloutros que
permanecem não vistos e que são libertadores.
O temor detém-no no lar, cercado de tecnologia, mas, isolado da
convivência com outras pessoas, longe do calor humano que produz
relacionamentos motivadores.
A exigüidade de tempo não lhe propicia mais a reflexão, levando-o a agir e
a reagir por impulsos. Escasseiam-lhe os momentos para si mesmo,
interiormente, em espaços mentais e emocionais de oração, de meditação, de
refazimento de forças exauridas nos embates contínuos.
Os medos assaltam-no, e a solidão na multidão asfixia-o.

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