Sede indulgentes, meus amigos, porquanto a indulgência atrai, acalma, ergue, ao
passo que o rigor desanima, afasta e irrita”. – José, Espírito protetor.
(Bordéus, 1863)
O Evangelho
Segundo Espiritismo Capítulo X – item 16
No Universo tudo é vida e transformação. Leis imutáveis
regem a harmonia através do regime de unidade. A vida do homem em sociedade,
submetida a essas leis naturais, respira nesse engenho divino que destina os
seres à evolução. A ordem que preside tais fenômenos é regida por princípios de
atração e repulsão que esculpem pouco a pouco, os valores morais dignificadores
da vida interpessoal. “Semelhante atrai semelhante,” e “opostos se
retraem”.
O pensamento é força energética com cargas vigorosas, e
o sentimento dá-lhe qualidade e vida tornando o psiquismo humano o piso de
formação dos ambientes em todo lugar.
Tomando por comparação as teias dos aracnídeos, criadas
para capturar alimentação e se defenderem, a mente humana, de modo similar, tem
seu campo mental de absorção e defesa estabelecido pelo teor de sua “radiação
moral”: São as psicosferas. Quanto mais moralizado, é o “circuito de imunidade
da aura”, preservando o homem das agressões naturais de seu “ecopsiquismo” e
selecionando o alimento mental vitalizador do equilíbrio de todo o cosmo
biopsíquico.
O estudo da formação das psicosferas explica-nos a razão
de muitas sensações e incômodos, claramente percebidos pelas criaturas na rotina
de seus afazeres junto aos ambientes da convivência social. Enxaquecas
repentinas, náuseas, falta de oxigenação, tonturas, alterações de humor
instantâneas, alterações no bem--estar íntimo sem razões plausíveis, irritações
ocasionais sem motivos, sentimentos de agressividade, ansiedade e tristeza
súbita, indisposição contra alguém sem ocorrências que justifiquem, eis alguns
possíveis episódios que podem ter origem na natureza psíquica dos
ambientes.
Evidentemente, os locais de nossa movimentação serão
sempre o resultado da soma geral das criações que neles imprimimos, colhendo
dessa semeadura somente os frutos que guardem semelhança com a qualidade das
sementes que espalhamos. Dessa forma, alguns descuidos da conduta ensejam romper
com as “teias mentais defensivas” em razão da natureza de nossas
ações.
Nesse sentido, faz-se necessário destacar que a palavra
mal conduzida tem sido uma das mais frequentes formas de fragilizar nosso
sossego interior. Através dela temos permitido uma ligação quase permanente,
pela lei da associação mental, com os “campos de nutrição e defesa” alheios,
criando uma espécie de “comunidade de vínculos” na qual encarceramo-nos a
onerosos desgastes voluntários, quais os citados acima. Basta imaginar várias
teias de aranha se encontrando nas extremidades formando o enorme “manto”...
Assim passam a ser elos de contato e abertura a toda espécie de seres que se
movimentem naquelas faixas nas quais sintonizamos.
Tudo isso pela invigilância em acentuar os aspectos
sombrios dos outros e do meio, passando a partilhar na intimidade daquela
inferioridade que destacamos fora de nós.
Vemos, frequentemente, pessoas preocupadas com o mal que
o outro pode lhe fazer, temerosas com os “olhos gordos” que lhes infundem
fantasias místicas e sentimentos inferiores em relação a alguém, entretanto,
ignoram que seu grande inimigo, seu grande oponente são elas próprias, através
dos comportamentos pelos quais atraem o mal a si mesmos. Somos sempre os únicos
responsáveis por nós.
O homem na Terra encontra-se tão habituado a denegrir o
outro que não é capaz de avaliar o mal que faz a si com essa atitude. No
entanto, na medida em que busca sua transformação, afeiçoa-se a conduzir sua
palavra mais nobremente em relação ao próximo e a tudo que o cerca. Somente
então, quando inicia o programa de disciplina, consegue aquilatar com mais
sensibilidade o quanto custa em seu desfavor o descuido com o verbo
edificante.
Essa necessidade humana de destacar o mal alheio
encobre, quase sempre, o desejo de rebaixar o outro e causar nos a ilusória
sensação de superioridade, uma “maquinação” milenar do orgulho nos recessos da
mente. Para nos referirmos ao mal alheio sem causar prejuízos a nós próprios,
parecemos antes proceder a uma análise da natureza das emoções e intenções que
nos conduzem a agir dessa forma. O que necessitamos aprender e sondar os nossos
sentimentos quando falamos de alguém, o que está na nossa vida afetiva quando
mencionamos o outro. Somente assim conheceremos melhor nossas reais motivações e
teremos condições para empreender mudanças de posturas eficazes, que manterão
nosso campo espiritual defendido das cargas enfermiças daquilo que não nos
pertence.
Recordemos que os ambientes são o espelho do que somos.
Se já percebemos o quanto é pernicioso o hábito de criticar por criticar, de
julgar com inflexibilidade, de mentir sobre os atos dos outros ou ainda de
difamar a vida alheia, então façamos uma pausa para entender as causas de nossas
ações, perguntando ao tribunal da consciência a verdadeira razão pela qual ainda
tomamos essas atitudes. Por que temos essas necessidades? Por que alguém é
sempre alvo de nossos comentários deprimentes? Por que alguém nos incomoda
tanto? Que posso fazer para amanhã não agir da mesma maneira?
Além disso, ore sempre nos círculos de trânsito por
onde, iluminando tua aura e fortalecendo tuas defesas contra as “teias mentais”
daqueles que também agem nas trilhas ferinas da palavra áspera e
malfazeja.
José, o Espírito protetor, diz que a indulgência acalma
e atrai, Verdade incontestável.
Quando vemos os defeitos alheios, mas nos prestamos a
tratá-los com real fraternidade e compreensão, aderindo espontaneamente ao
hábito de destacar-lhes também o “lado positivo” que possuem, candidatamo-nos a
ser os Samaritanos da vida no socorro às doenças alheias, imunizando-nos dos
infelizes reflexos que decorrem das ações às quais, muitas vezes, adotamos
contra nós mesmos, na condição de juízes e sensores implacáveis da conduta do
próximo. A indulgência cria focos de atração e interesse, fazem as pessoas
sentirem-se calmas e bem quistas ao nosso lado, elevando-nos o “astral
emocional” para viverem mais felizes.
Zelemos pelos nossos ambientes tornando-os saudáveis e
agradáveis para conviver. Otimismo incondicional, vibrações positivas sempre,
tolerância construtiva, cativar laços, o hábito contínuo da oração, sorrir
sempre, expressar alegria e humor contagiantes, dar pouca ou nenhuma importância
aos reclames e pessimismo dos outros, guardar a certeza de que ninguém pode nos
prejudicar além de nós mesmos, querer o bem alheio, essas são algumas formas
para a edificação de psicosferas ricas de saúde e paz, medidas salvadoras de
asseio espiritual que eliminarão expressiva soma de problemas voluntários, dos
quais podemos nos ver livres, desde que realmente desejemos.
Ermance
Dufaux
Por Wanderley Soares de
Oliveira
Livro: Reforma Íntima Sem
Mártírio
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