sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Um aparente adeus

O dia estava alegre e divertido. Os familiares estavam reunidos na chácara dos avós para um almoço especial. Muita conversa, risada, carinho e felicidade.
As crianças faziam algazarra. Os avós, orgulhosos, as contemplavam, alegres pela presença tão estimada dos filhos e netos.
Após deliciosa refeição, as crianças, acompanhadas por alguns adultos, reuniram-se em torno do lago existente na propriedade, a fim de aproveitarem a tarde.
Junto delas estava Raul, que contava apenas dois anos.
Por breve instante de distração de todos que ali estavam, ele se afastou do grupo e acabou por parar perto da piscina.
Movido pela curiosidade, o menino aproximou-se da água e acabou nela caindo.
O pai, assim que percebeu o fato, tirou-o da piscina e fez todas as manobras de emergência para desafogá-lo, sem muito sucesso.
Mais do que depressa, levaram-no para o hospital, onde foi prontamente atendido. Entretanto, foi com pesar que o médico responsável comunicou à família que o pequeno não havia sobrevivido ao afogamento.
Naquele momento, os pais de Raul perderam o chão. Como podia aquele menino que, há apenas alguns instantes estava brincando e alegrando suas vidas, estar morto?
A dor era grande demais. Os avós, tios e primos estavam desnorteados. Não conseguiam acreditar na triste realidade na qual estavam imersos.
Onde há pouco existira alegria, risos e diversão, agora, havia tristeza, lágrimas e dor.
Como entender tal fenômeno que, não mais que de repente, leva para longe de nós aqueles a quem amamos, a quem devotamos todos os nossos melhores sentimentos?
Como entender que aquele que estava conosco, agora partiu, nos privando de sua companhia, nos privando de seus abraços e de seu carinho?
Estranho seria pensar que Deus, infinitamente justo e bom, nos uniria em famílias, com a finalidade de nos amarmos e depois ceifaria tal sentimento com um ponto final, chamado morte.
A morte, no entanto, não é uma despedida absoluta e, sim, relativa.
A vida do homem é como o sol das regiões polares durante o estio. Desce devagar, baixa, vai enfraquecendo, parece desaparecer um instante por baixo do horizonte. É o fim, na aparência.
Mas, logo depois, torna a elevar-se, para novamente descrever sua órbita imensa no céu.
Por mais pareça que a escuridão será eterna, o sol sempre nasce outra vez, brindando-nos com sua luz radiante.
No momento oportuno, as sombras da aparente perda e da saudade darão espaço à luz do reencontro, pois o corpo, esse sim perece, mas o Espírito é viajor incessante da eternidade.
E, enquanto tal reencontro não ocorre, cultivemos os laços de amor, que permitem a sintonia com o ser amado e a certeza de que o tão esperado abraço ocorrerá.
As lágrimas, nesse nobre momento, serão expressões sinceras de duas almas que muito ansiavam por esse reencontro.
*   *   *
Lembremos: a morte não é um adeus. Antes, é um até breve!

Redação do Momento Espírita, com pensamentos
extraídos do cap. 10, do livro
O problema do ser, do
destino e da dor, de Léon Denis, ed. FEB

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