Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos. Quem não muda de marca. Não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Pablo Neruda tem razão. Estar vivo exige um esforço muito maior que o simples fato de respirar.
Estar vivo significa lutar todos os dias e acordar cada dia com a disposição de um grande navegador, que deseja enfrentar novos mares e descobrir novos continentes.
É entrar na livraria para constatar das novas publicações. É se deter para ler a sinopse de algumas, mesmo que não possa adquiri-las no momento.
Estar vivo significa se permitir o tempo para ouvir uma música. É tentar entender o significado dos versos da canção que o rádio toca, de forma insistente, porque é a música do momento.
Estar vivo é andar por ruas nunca andadas, pelo simples prazer da exploração. É deliciar-se com as descobertas. Uma praça verdejante, um recanto romântico, um abrigo natural.
É sorrir para quem lhe sorri, sem antes ficar se perguntando: Por que será que ele está me cumprimentando? Não o conheço.
Pode ser simplesmente um solitário, tentando obter a fortuna de um sorriso para sua jornada. Ou alguém que deseje viver um novo momento, com inusitada alegria.
Estar vivo é tomar a decisão de, antes de se queixar de tudo de mal que acontece, apanhar um papel e enumerar todas as coisas ruins da sua vida em uma coluna. Em outra, enumerar todas as coisas positivas e verificar como se é rico de oportunidades.
Mas não esquecer nada. A possibilidade de andar, a ventura de abraçar, a riqueza de ouvir, ver, sentir. O olfato que permite ficar inebriado de prazer com o perfume das flores, o tato que permite perceber a maciez da pele do ser amado, o paladar que dá o prazer de se deliciar com um feijãozinho com arroz, uma pizza ou um cachorro quente. O café quentinho. O sorvete gelado.
Estar vivo é desejar saber sempre mais. Interessar-se. É jamais admitir que se está demasiado velho para aprender. É não deixar enferrujar o cérebro, por falta de estímulo de muitos quefazeres e novos entenderes.
Estar vivo é viver no meio das pessoas, com as pessoas, inter-relacionando-se com elas. É conversar, responder perguntas, mesmo que pareçam tolas.
Quem tem os ouvidos cerrados a todo som, daria tudo para ouvir, mesmo que fossem aquelas coisas que recebem os adjetivos de tolices incômodas.
* * *
Abra-se para a vida! Alegre-se com o som da voz da sua esposa, do seu
filho. Encante-se com a bagunça da criançada. Sorria dos pequenos
contratempos que lhe aconteçam. Em uma palavra: viva!A vida é uma maravilhosa descoberta diária, para todos os que não desistiram dela. Para todos aqueles que a veem como uma namorada, que espera ter todas as suas virtudes, belezas e encantos descobertos a pouco e pouco pelo companheiro que a deseja conquistar.
Lembre que somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio esplêndido de felicidade.
Redação do Momento Espírita, com
citação de versos do poema Quem morre?, de
Pablo Neruda.
Comentários
Postar um comentário