segunda-feira, 9 de junho de 2014

ABENÇOAR E COMPREENDER

Ressentimento não se constitui tão-só do azedume que se nos introduz no espírito, quando a
incompreensão nos torna intolerantes, à frente das grandes dificuldades de alguém.
Existem igualmente os pequeninos contratempos do cotidiano que, sem a precisa defesa da
vigilância, acabam por transformar-nos o coração em vaso de fel, a expelir germes de
obsessão e desequilíbrio, ambientando a enfermidade ou favorecendo a morte.
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Analisemos essas diminutas irregularidades que nos será lícito classificar como sendo
cargas de sombra íntima:
O descontentamento à mesa porque a refeição não apresente o prato ideal;
a impaciência ante a condução retardada;
a indisposição contra o clima;
a contrariedade em serviço;
o constrangimento para desculpar um amigo;
o mal-estar perante um desafeto;
o melindre desperto, em ouvindo opiniões que se nos mostrem desfavoráveis;
o desagrado nas compras;
o desgosto injustificável em família, unicamente pelo motivo desse ou daquele parente não
pensar pela nossa cabeça;
os cuidados exagerados com obstáculos naturais na experiência comum;
a pressa e a agitação desnecessárias;
o descontrole ante uma visita-problema;
a exasperação diante de uma tarefa extraprograma;
o desespero contra as provas inevitáveis que a vida nos oferece a cada um.
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Tanto pesa na balança o quilo de chumbo em massa, quanto o quilo de paina depositado, de
haste em haste.
Meditemos, em torno disso, e reconheceremos que o perdão incondicional deve também
alcançar as mínimas circunstâncias que se nos façam adversas. Em síntese, para que a paz
more conosco, assegurando-nos proveito e alegria, nos caminhos do tempo, é forçoso não
apenas trabalhar e servir sempre, mas igualmente compreender e abençoar.

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