Era um espetáculo circense. Muitas famílias, com suas crianças,
encantadas com as luzes, cores, acrobacias. Nenhum animal à vista.
A cada número, o público reprisava as expressões de surpresa, com a
performance de trapezistas, equilibristas, contorcionistas. Uma sucessão
de habilidades, demonstrando criatividade e muito trabalho individual e
coletivo.
O palhaço, entre uma e outra apresentação, surpreendia aparecendo no
meio do público, brincando com um, com outro, distribuindo balões e
guloseimas.
Então, adentrou o palco, com muito barulho, num carro luxuoso, o
mágico, para delírio da criançada. Alguns números se sucederam, com
maior ou menor brilho, até que ele pediu que uma criança da plateia o
viesse auxiliar.
Meninos e meninas correram mas, foi um garoto de quatro anos,
descontraído, quem primeiro chegou à borda do palco e foi alçado pelo
mágico. Depois dos naturais entretenimentos, muita conversa, luzes, som,
o artista falou ao garoto do poder da mente.
Tudo que pensamos, podemos criar. Todos podemos ser mágicos, por
isso, peço a você que pense em duas coisas que deseja muito, muito
possuir.
O menino fechou os olhos. A música foi ficando suave, as luzes
diminuindo. Depois, à ordem do mágico, ele abriu os olhos: duas
bailarinas sorridentes estavam à sua frente.
Foi este o seu desejo? – Perguntou o condutor do espetáculo. O garoto assentiu com a cabeça. E continuou respondendo sim a todas as demais perguntas que foram feitas, em seguida:
Você gostou delas? Você as achou bonitas? Elas sabem dançar bem? Você viu o elefante que estava com elas?
Silêncio na plateia. A criança, firme, moveu a cabeça afirmativamente.
Tem certeza? – Tornou a indagar o mágico. Ele era grande, enorme?
Sim, sim. – Foi a resposta.
O espetáculo prosseguiu, entre gargalhadas e brincadeiras. Mas,
ficamos a pensar quantas vezes nós, os adultos, agimos como aquela
criança. Ela, decerto, imaginou que se dissesse que não vira o que não
estava ali, poderia ser ridicularizada.
Afinal, uma autoridade em magia o estava questionando e ele deveria saber do que estava falando.
Quantas vezes dizemos que entendemos alguma coisa, que compreendemos o
que foi dito, aquilo de que se está falando, quando, em verdade, não
temos a mínima ideia. Tudo para não passar por tolo, ou desinformado.
Para não fazer feio, ser considerado um alienado.
E, agindo assim, continuaremos na nossa condição de quem não sabe.
Tão mais fácil e lógico seria admitir que se desconhece do que se fala.
Afinal, ninguém, neste mundo de informações tão rápidas, intensas, tem o
dever de saber tudo ou de tudo estar informado.
Aquele momento seria a oportunidade de aprender, de se ilustrar.
Importante que comecemos a ser autênticos, honestos, corretos em
nosso falar. Admitamos o desconhecimento e nos mostremos interessados em
aprender.
Somente teremos a ganhar com isso. E demonstraremos humildade, porque
afinal o grande Sócrates, filósofo que nasceu em 470 a. C., ousou
afirmar: Só sei que nada sei.
Isso porque quanto mais nos aprofundamos em ciência, filosofia, arte,
mais nos damos conta de que há, ainda, um Universo a descobrir,
estudar.
Pensemos nisso e cresçamos um tanto mais.
Redação do Momento Espírita.
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