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quarta-feira, 27 de novembro de 2024

O Profeta - "Fala-nos do Prazer."

 

E ele respondeu, dizendo: "O prazer é uma canção de liberdade. Mas não é a liberdade. É o desabrochar de vossos desejos, Mas não a sua fruta. É um abismo olhando para um cume. Mas não é nem o abismo nem o cume. É o engaiolado ganhando o espaço, Mas não é o espaço que o envolve. Sim, na verdade, o prazer é uma canção de liberdade. E de bom grado eu vos ouviria cantá-la de todo vosso coração; porém, não gostaria que perdêsseis vossos corações no canto. Alguns de vossos jovens procuram o prazer como se fosse tudo na vida, e são condenados e repreendidos. Eu preferiria nem condená-los, nem repreendê-los, mas deixá-los procurar. Pois encontrarão o prazer, mas não só ele: Sete são suas irmãs, e a última dentre elas é mais bela que o prazer. Não ouvistes falar do homem que cavava a terra à procura de raízes e descobriu um tesouro? E alguns de vossos anciões recordam, seus prazeres com remorso, como se fossem erros cometidos num estado de embriaguez. Mas o remorso é o escurecimento da alma e não o seu castigo. Deveriam, antes, recordar seus prazeres com gratidão, como recordariam uma colheita de verão. Todavia, se acharem conforto no remorso, deixemo-los se confortarem. E há entre vós aqueles que não são jovens para procurar, nem velhos para recordar; E no seu temor de procurar e recordar, desprezam todos os prazeres por medo de afugentar ou ofender o espírito. Porém, na sua renúncia está seu prazer. E, assim, eles também descobrem um tesouro embora cavem com as mãos trêmulas à procura de raízes. Mas dízei-me quem é que pode ofender o espírito? Ofende o rouxinol a quietude da noite, ou o pirilampo as estrelas? E poderá vossa flama ou vossa fumaça sobrecarregar o vento? Credes que o espírito é um poço tranqüilo que podeis perturbar com um bastão? Muitas vezes, ao negardes a vós mesmos um prazer, nada mais fazeis do que armazená-lo nos recessos de vosso Eu. E quem sabe se o que parece omitido hoje não espera pelo amanhã? Mesmo vosso corpo conhece sua herança e seus direitos, e vós não o podereis iludir. E vosso corpo é a harpa de vossa alma; A vós pertence tirar dele música melodiosa ou ruídos dissonantes. ! E agora vós perguntais em vosso coração: "Como distinguiremos o que é bom no prazer do que é mau?" Ide, pois, aos vossos campos e pomares e, lá, aprendereis que o prazer da abelha é de sugar o mel da flor, Mas que o prazer da flor é de entregar o mel à abelha. Pois, para a abelha, uma flor é uma fonte de vida. E para a flor, uma abelha é uma mensageira de amor. E para ambas, a abelha e a flor, dar e receber o prazer é uma necessidade e um êxtase. Povo de Orphalese, nos vossos prazeres, imitai as flores e as abelhas.

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