Após 30 anos de casamento

 

Após 30 anos de casamento, ele disse que eu estava gorda e feia, arrumou suas coisas e foi embora. E, uma semana depois, descobri para quem ele realmente foi…

Eu tinha 52 anos quando ele fez as malas e saiu. Sem escândalos, sem abraços de despedida. Apenas disse:

— Você não é mais a mesma. Você se deixou levar, envelheceu… É difícil viver com uma mulher por quem não sinto nada.

Trinta anos de casamento. Trinta. Eu dei a ele três filhos. Estive ao seu lado quando ele perdeu o emprego. Quando ele tinha dores nas costas. Quando a mãe dele precisava de cuidados. Eu acordava uma hora mais cedo para preparar o café da manhã, mesmo quando eu mesma ia trabalhar.

E agora eu simplesmente não sou mais "a mesma"?

Ele foi embora para ficar com uma jovem. Magra. Com uma risada que lembra o apito de uma chaleira, crianças de outros homens, mas — cintura fina e filtros no Instagram. Uma semana depois, vi suas fotos em frente ao mar que nunca conseguimos ver juntos. A legenda era dolorosa:

«Com uma nova vida — com a alma leve».

No início, eu não dormia. Não comia. Eu ficava diante do espelho, examinando cada ruga, cada quilo a mais, como se fosse uma sentença. Eu chorava. Depois ficava com raiva. Depois apenas me calava.

Mas um dia, enquanto organizava uma caixa velha, encontrei uma carta. Minha. Para mim mesma. Escrevi quando era jovem — sonhando em que tipo de mulher eu me tornaria. Não havia uma palavra sobre peso. Não havia uma palavra sobre aparência. Somente:

«Quero ser bondosa, forte e amável. Quero uma casa que cheire a tortas e uma voz a que as crianças recorram para pedir conselhos».

De repente, percebi: eu me tornei essa mulher. Eu sou a pessoa dos meus sonhos. Sim, tenho quilos a mais. Sim, tenho fios brancos. Mas eu tenho um coração que não traiu. Mãos que sustentaram a família. E uma alma que ainda brilha com muita luz.

E sabe o que é mais surpreendente? Dois meses depois, ele voltou. Bateu na porta.

— Desculpe. Eu me enganei. Ela não sabe nem cozinhar sopa. Ela é bonita, mas vazia.

Eu olhei para ele e sorri pela primeira vez em todo esse tempo:

— E eu faço a melhor sopa do mundo. Mas agora só para mim. Ou para aqueles que merecem.

Ele foi embora. E eu fiquei. Comigo mesma. Com orgulho. Com uma vida na qual não preciso mais provar a ninguém que mereço ser amada.

Mulheres Maduras


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