Perdoa, sim!? *****

 O desconhecido passou, de carro, enlameando-te a veste, como se toda a rua lhe

pertencesse... Compadece-te dele. Corre, desabalado, à procura de alguém que lhe socorra

o filhinho nos esgares da morte.

Linda mulher, que pérolas e brilhantes enfeitam, segue a teu lado, parecendo fingir

que te não percebe a presença... Compadece-te!

Ela tem os olhos embaciados de pranto e não chegou a ver-te.

Jovem, admiravelmente bem-posto, cruzou contigo, endereçando-te palavra de

sarcasmo e de injúria... Compadece-te! Ele tem os passos no caminho do hospício e ainda

não sabe.

O amigo que mais amas negou-te um favor... Compadece-te dele! Não lhe vês a

dificuldade encravada no coração.

Companheiros do mundo!... Estarão contigo, notadamente no lar, onde guardam

os nomes de pai e mãe, esposo e esposa, filhos e irmãos... Muita vez, levantam-se de

manhã, chorosos e doloridos, aguardando um sorriso de entendimento, ou chegam do

trabalho, fatigados e tristes, esmolando compreensão.

Todos trazem consigo aflições e problemas que desconheces.

Ergue a própria alma e auxilia sempre!... Indulgência para todos!

Bondade para com todos!...

E, se algum deles te fere diretamente a carne ou a alma, não levantes o braço ou a

voz para revidar.

Busca no silêncio a inspiração do Senhor, e o Mestre, como se estivesse descendo

da cruz em que pediu perdão para os próprios verdugos, te dirá compassivo:

– Perdoa, sim! Perdoa sempre, porque, em verdade, aqueles que não perdoam

também não sabem o que fazem...

Meimei

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