Mãezinha querida.
Lembro-me de ti quando acordei para recordar.
Debruçada no meu berço, cantavas baixinho e derramavas no meu rosto
pequeninas gotas de luz, que mais tarde, vim a saber serem lágrimas.
Conchegaste-me no colo, como se me transportasses a brandos ninhos, desde
então nunca mais me deixaste.
Quando os outros iam à festa, velavas comigo, ensinando-me a pronunciar o
bendito nome de Deus... Noutras ocasiões, trabalhavas de agulhas nos dedos, contando
histórias de bondade e alegria para que eu dormisse sonhando...
Se eu fugia, quebrando o pente, ou se voltava da escola com a roupa em
frangalhos, enquanto muita gente falava em castigos, afagavas minhas mãos entre as tuas
ou beijavas os meus cabelos em desalinho.
Depois cresci, vendo-te ao meu lado, à feição de um anjo entre quatro paredes...
Cresci para o mundo, mas nunca deixei de ser, em teus braços, a criança pela qual
entregaste a vida.
E, até agora, dia a dia, esperas, paciente e doce, o momento em que me volto para
teus olhos, sorrindo pra mim e abençoando-me sempre, ainda mesmo quando os meus
problemas te retalhem o peito por lâminas de aflição!...
Hoje ouvi a música dos milhões de vozes que te engrandecem...
Quis apanhar as constelações do Céu e misturá-las ao perfume das flores que
desabrocham no chão, para tecer-te uma coroa de reconhecimento e carinho, mas, como
não pudesse, venho trazer-te as pétalas de amor que colhi em minh’alma.
Recebe-as Mãezinha!... Não são pérolas, nem brilhantes da Terra... São as lágrimas
de ternura que Deus me deu para que te oferte o meu coração, transformado num poema
de estrelas.
Meimei
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