Quaisquer que sejam as providências tomadas para elucidar a alma humana, no
sentido de se promover os cuidados para com a vida, valorizando-a como deve ser,
esbarraremos numa muralha intelectual e num vazio moral instigados pela
influência das teses materialistas-ateístas que se insurgem no seio das
sociedades.
Não deveremos desconsiderar a força dos projetos de vida
imediatistas que se costumam alimentar no anseio tipicamente humano de
desenvolver poucos empenhos, ou de usufruir situações mais confortáveis e de
tirar todos os proveitos possíveis dos recursos do Planeta, sem que se tenha
muito o que ressarcir, o que realizar, em prol desse bem-estar anelado. Enfim, é
a teoria do proveito pleno e sem ônus para os beneficiários.
Tais
posturas são regidas pelo egoísmo, remanescente do instinto de conservação, que
tem nos reinos inferiores à Humanidade a sua fonte geradora. É o egoísmo que faz
dilatar essa desenfreada busca do prazer hedonista, do gozo insaciável e
gratuito sem qualquer reflexão relativa às conseqüências desses
privilégios.
Não estranhemos que semelhantes condutas estejam entranhadas
e muitas vezes sustentadas por criaturas que se apresentam como religiosas, como
crentes em Deus, ou como lideranças nos campos das instituições de fé ditas
cristãs.
O que se passa é que muitos Espíritos hão chegado ao Planeta,
nos dias presentes, trazendo responsabilidades assumidas na Imortalidade, nos
campos do bem, da renovação espiritual e dos progressos inerentes à alma eterna.
Ao se sentirem bem instalados no conforto do corpo físico, valendo-se das
possibilidades socioeconômicas de realce ou quando se adornam com os poderes da
política terrena, deslustram esses compromissos – que lhes são recordados
durante as horas de desdobramentos naturais pelo sono – e mergulham em atuações
ególatras discricionárias, absolutistas, sem qualquer pensamento que se volte
para o Criador da Vida e Suas leis registradas em nossa consciência.
É
indispensável que estejamos atentos para as instruções trazidas pelas Vozes dos
Céus, no cerne da Codificação do Espiritismo, concernentes ao poder nefário do
egoísmo que se reproduz nas mais várias instituições do mundo, seja no seio da
família, da escola, das igrejas ou das oficinas profissionais, fenômeno que só
será batido, transformado ou superado por meio de ingente trabalho da
educação.
Impraticável conseguir-se o entendimento, por parte das massas
terrenas, de questões magnas para a vida como é a do abortamento, da pena de
morte, da eutanásia, da fome, dos descalabros antiéticos, sem que os indivíduos
tenham, devidamente amadurecida, a consciência de si mesmos como Espíritos
imortais e que, por isso mesmo, responsáveis pela sementeira que realizam no
solo planetário.
O Espiritismo é chamado agora, por meio do labor dos
espíritas, a cooperar em todos os movimentos sociais que enaltecem a vida e
todos os elementos a ela vinculados, no campo das providências imediatistas, nas
respostas que precisam ser dadas às comunidades, sem qualquer
dúvida.
Entretanto, pela força filosófica da Doutrina Espírita, não podem
os espiritistas perder de vista o seu caráter educacional, trabalho que é capaz
de modificar as disposições morais dos seres, mudando o modus vivendi do homem,
proposta que permitirá lancemos na correnteza social criaturas bem formadas,
participantes da aristocracia intelecto-moral a que se referiu o ínclito
Codificador Allan Kardec, na esteira das suas formosas reflexões acerca dos
grupos de governança terrestre.
O que presenciamos, por enquanto, é um
formidável embate entre as vozes que projetam luz sobre as mentes, sobre as
almas e aquelas que gritam suas alucinadoras propostas de destruição e de morte,
testemunhado pelo covarde silêncio de muitos indivíduos que, se conseguem cantar
e prestigiar as verdades espirituais em grupo, no conjunto dos confrades do bem,
calam-se e omitem-se toda vez que se defrontam com o ensejo de dar seu
testemunho da verdade, amedrontados muitas vezes pelo temor do achincalhe ou das
desconsiderações de que possam ser alvos.
Estamos convocados pelos
Porta-Vozes de Jesus Cristo, que atuam nos altos serviços de espiritualização
das idéias no mundo, a dar nosso contributo, a nossa palavra consistente,
calcada nos princípios do venerando Espiritismo, sem arrogância, sem presunção e
sem medo.
Contudo, somos chamados a dar o nosso testemunho de lucidez, de
fortaleza moral e de fraternidade, a fim de que o processo educacional que o
Espiritismo apresenta, muito além de receber o reforço na nossa teoria, possa
contar com o vigor da vivenciação dos espíritas no meio social.
Estamos
nos tempos de exercitar a própria coragem e a boa disposição, nessa audácia que
fez com que os primitivos cristãos descessem aos circos tão logo ressoou na voz
do Cristo a palavra Amor.
Destemidamente, cabe-nos avançar conjugando os
possíveis esforços para que, perante tanto desapreço pela vida humana, atuemos
no campo da feliz educação, amparada pela ética do amor a Deus acima de tudo e
ao próximo, como a nós mesmos, engolfados pela moral de prestar os
indispensáveis serviços em prol da dissolução gradativa do egoísmo, da
espiritualização das idéias e do aprofundamento das reflexões em torno da lei de
causalidade, do que nenhum de nós estará indene.
A valorização da vida do
corpo não pode prescindir do apoio à cultura da alma, da estima que se viva
quanto às realidades do Espírito imortal.
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