sábado, 29 de setembro de 2012

INSEGURANÇA E ARREPENDIMENTO

A criança mal amada, que padece violências físicas e psicológicas, vê o
mundo e as pessoas através de uma óptica distorcida. As suas imagens estão
focadas de maneira incorreta e, como conseqüência, causam-lhe pavor.
Ademais, os comportamentos agressivos daqueles que lhe partilharam a
convivência, atemorizando-a mediante ameaças de punições com seres
perversos, animais e castigos de qualquer natureza, fazem-na fugir para
lugares e situações vexatórios, nos quais o recolhimento não oferece qualquer
mecanismo de defesa, deixando-a abandonada. Essa sensação a
acompanhará por largo período, senão por toda a existência, perturbandolhe a
conduta insegura e assinalada por culpas sem sentido, que a levarão a
permanente desconsideração por si mesma, pela ausência de auto-estima, por

incessantes arrependimentos.
Nessa instabilidade emocional, sem alguém em quem confiar e a quem
entregar-se, a criança constrói o seu mundo de conflitos e nele se encerra,
dominada por contínuo receio de ser ferida, desconsiderada, evitando-se
participar da vida normal, para poupar-se a sofrimentos e do desprezo de que
se sente objeto.
Para sobreviver, nessa situação, transfere os seus medos e sua
insegurança para a responsabilidade do conjunto social que sempre lhe parece
hostil, numa natural projeção do que sofreu e não pôde eliminar.
A violência de qualquer matiz é sempre responsável pelas tragédias do
cotidiano. Não apenas a que agride pela brutalidade, por intermédio de gritos e
golpes covardes, mas também, a que se deriva do orgulho, da indiferença, da
perseguição sistemática e silenciosa, das expressões verbais pejorativas,
desestimulando e condenando, enfim, de todo e qualquer recurso que desdenha
as demais criaturas, levando-as a patologias inumeráveis.
A violência urbana, por exemplo, é filha legítima dos que se encontram em
gabinetes luxuosos e desviam os valores que pertencem ao povo, que
desrespeitam; que elaboram Leis injustas, que apenas os favorecem; que
esmagam os menos afortunados, utilizando-se de medidas especiais, de
exceção, que os anulam; que exigem submissão das massas, para que
consigam o que lhes pertence de direito... produzindo o lixo moral e os
desconsertos psicológicos, psíquicos, espirituais.
Numa sociedade justa, que se organiza com indivíduos seguros dos próprios
deveres, na qual os compromissos morais têm prevalência, dignificando a criatura
em si mesma e proporcionando-lhe recursos para uma existência
saudável, os valores educativos têm primazia, por constituírem alicerces sobre
os quais se edificam os grupos que a constituem.
Lúcidos, a respeito das necessidades que devem ser consideradas, os
seus governantes se empenham com decisão, para proporcionar os recursos
hábeis que podem facultar a felicidade das massas.
Não obstante, há fatores que contribuem para os desajustes sociais, que
precedem o berço e que constituem implementos relevantes na carga genética,
programando seres inseguros, arrependidos, frágeis emocionalmente. Trata-se
de Espíritos que não souberam conduzir-se, entregando-se a excessos e
dissipações que os prejudicaram, mas também perturbaram outras vidas,
produzindo lesões nas almas, que agora ressumam em conflitos inquietadores.
Esses mesmos fatores induziram-nos a reencarnar-se em grupos familiares
onde as dificuldades ambientais e os relacionamentos afetivos gerariam
insegurança, levando à dubiedade de comportamento — após qualquer ação,
boa ou má — à irrupção do arrependimento, mais aflição que sentimento de
auto-recuperação.
Somente através de uma constante construção de idéias positivas e
estimuladoras será possível uma terapia eficiente, à qual o paciente se deve
entregar em clima de confiança, trabalhando as lembranças traumatizantes
recordadas e preenchendo o consciente atual com perspectivas que se farão
arquivar nos refolhos dalma, com propostas novas de felicidades, que voltarão
à tona oportunamente, enriquecendo-o de alegria.
A reprogramação da mente torna-se essencial para a conquista da
segurança e da paz. Acostumada ao pessimismo conflitivo, os seus arquivos
no inconsciente mantêm registros perturbadores que deverão ser substituídos
pelos saudáveis. Esse material angustiante irá elaborar comportamentos
sexuais insatisfatórios, medo de amar, pequena auto-estima, estabelecendo
receios na área afetiva, por acreditar-se incapaz de ser amado, assim
refugiando-se na autocomiseração, negando-se encontrar o sol do amor que
tudo modifica.
Exercícios físicos contribuem para romper essa couraça psicológica, que
se torna também física, produzindo dores nos tecidos orgânicos, abrindo
espaços para a instalação de diversas enfermidades.
O ser psicológico é o vigilante do domicilio celular. Conforme conduzir-se,
estabelecerá as satisfatórias ou negativas manifestações da saúde física e
mental.
Aprofundar reflexões nas causas da insegurança e do arrependimento de
maneira edificante, procurando retirar o melhor proveito, sem culpa nem
castração, é o desafio do momento para cada ser, que então se disporá à
superação dos agentes constritores e de desagregação da personalidade.

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