Mia Couto, um poeta moçambicano.***

 

"No tempo em que havia ruas

ao fim da tarde

minha mãe nos convocava:

era hora do regresso

e a rua entrava conosco em casa.

Tanto o tempo morava em nós 

que dispensávamos o futuro.

Recolhido em meu quarto

a cidade adormecia

no mesmo embalo da minha mãe. 

À  entrada da cama

eu sacudia a areia dos sonhos

e despertava vidas além. 

Entre a casa e o mundo

nenhuma porta cabia - 

que fechadura encerra

os dois lados do infinito?"

(Mia Couto in: O Tradutor de Chuvas)

Leituras Livres

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