quinta-feira, 11 de novembro de 2010

GABRIEL DELANNE

Gabriel Delanne, discípulo e continuador da obra de Kardec, encarnou em Paris, França, no dia 23 de Março de 1857 e desencarnou em 15 de Fevereiro de 19226, com 69 anos de idade. Engenheiro Eletricista (que hoje se denomina Eletrotécnico), formado pela Escola de Artes e Ofícios.
Seu pai, Alexandre Delanne, foi contemporâneo e companheiro de Allan Kardec e, por ocasião do desencarne deste, foi quem falou à beira do túmulo, em nome dos espíritas dos centros distantes. Alexandrina Delanne, sua mãe, segundo nos relata Canuto Abreu, foi uma das médiuns de Allan Kardec.
Gabriel Delanne foi, pois, espírita “de berço”. E se foi o mais destacado valor da parte experimental e uma das maiores figuras da história do Espiritismo, até os dias de hoje.
Ninguém o suplantou.
O Dr. Canuto Abreu se ufanava por ter conhecido e convivido pessoalmente com Gabriel Delanne. Freqüentou sua casa, que era, diz Canuto: “também sede duma sociedade espirítica. Assisti a trabalhos por ele presididos. Ouvi suas lições práticas. Suas longas e cintilantes narrativas. Suas discussões, em que às vezes erguia a voz, exaltado pela convicção posta em dúvida, e logo a baixava, sorridente, ao perceber a porta do misticismo, que detestava como cientista”.
“Ninguém”, diz João Teixeira de Paula, “mais e melhor do que Delanne se importou com a magna questão de se saber quando um fenômeno é anímico ou estritamente espirítico. Nem Alexandre Aksakoff, cuja distinção entre um fenômeno e outro é algo confusa e contraditória, nem Ernesto Bozzano, que se limitou a mostrar que o Animismo prova o Espiritismo - estudaram, com tanta abundância de exemplos, comparações, restrições e cessões, o que é o Animismo”.
Gabriel Delanne foi Presidente da “Union Spirite Française”, onde fundou, em 1884, “Le Spiritisme”, e foi seu representante no Congresso Espírita de Bruxelas, Bélgica, desse mesmo ano (1884); foi Presidente da “Société Française d´Etudes des Phénomènes Psychiques”, onde, também, fundou em 1897, e dirigiu, a “Tribune Psychique”; foi membro do Comitê do Instituto Metapsiquico Internacional, e membro honorário da “Société d´Etudes Psychiques de Nancy”.
Em 1882, juntamente com Leymarie, participou da assembléia que fundou a Federação Espírita Francesa e Belga.
Em 1896 fundou a “Revue Scientifique et Morale du Spiritisme”, da qual foi seu diretor e, 1898, apresentou, no Congresso Espiritualista de Londres, extensa “memória”.
O seu primeiro livro - “Le Spiritisme devant la Science”, foi publicado por Libraire Dentu, de Paris, em 1883. Vertido para o espanhol e traduzido para o português por Carlos Imbassahy em 1939 - O Espiritismo Perante a Ciência. Foi a partir dessa obra que o Espiritismo se tornou cientifico e Delanne, desde então, considerado como novo apóstolo desta nova fase da doutrina Kardecista.
A seguir publicou, com títulos em português:
O Fenômeno Espírita - traduzido por Francisco Raymundo Ewerton Quadros.
A Evolução Anímica - Traduzido por M. Quintão.
A Alma è Imortal - Traduzido por Guillon Ribeiro.
Reencarnaçao - traduzido por Carlos Imbassahy.
Na construção das suas obras, na ordenação das suas deduções, em todas as páginas, em todas as suas exposições, ressalta o senso da precisão cientifica, o respeito pela verdade demonstrada, a necessidade racional e apoiar a afirmação no testemunho concreto.
Na notável e extensa “memória” que apresentou ao Congresso Espiritualista de Londres, em Junho de 1898, dizia Delanne que a Providência fizera surgir missionários em todas as nações para pregarem a moral eterna: Confúcio, Buda, Zoroastro, Jesus, são as grandes vozes que ensinaram uma doutrina idêntica sob diversos aspectos.
São dessa “Memória” as seguintes conclusões:
1. O ser vivo não é realmente senão uma forma em que passa a matéria.
2. A conservação dessa forma é devida ao princípio inteligente revestido de uma certa substancialidade.
3. Tanto em relação ao animal como em relação ao homem, a conservação dessa forma tem lugar depois da morte.
4. As modificações moleculares nesse invólucro são indestrutíveis.
5. A repetição dos mesmos atos, físicos, ou intelectuais, tem resultado torná-los fáceis, depois habituais, depois reflexos, isto é, automáticos e inconscientes (Não sendo os instintos senão hábitos, de milhões de anos seculares).
6. A serie dos seres organizados é fisicamente contínua tanto atualmente como no passado.
7. As manifestações do instinto, depois mais tarde, da inteligência, em todos os seres vivos, são graduais em seu conjunto e intimamente ligadas ao desenvolvimento dos organismos.
8. O homem resume e sintetiza todas as modalidades anatômicas e intelectuais que existiram na Terra.
9. Os fatos de observação estabelecem a reminiscência de estados anteriores nos animais, e a recordação das precedentes vidas no homem.
10. Finalmente, certos Espíritos predizem a sua volta a este mundo e outros afirmam as vidas sucessivas.
As obras atrás referidas foram publicadas pela Federação Espírita Brasileira.
Dedicando-se integralmente ao Espiritismo, viveu dos direitos autorais dos seus livros. Sua vida foi paupérrima, sob esse aspecto. Sob o ponto de vista físico, teve grave incapacidade: paralítico e cego, porém sempre lúcido. Por tal razão seu “último trabalho, que ditou, foi lido na sessão inaugural do Congresso Espírita Internacional, realizado em Paris, no dia 07 de Setembro de 1925”.

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