domingo, 6 de fevereiro de 2011

Anne Frank

O Diário de Anne Frank



"Quando escrevo sinto um alívio, a minha dor desaparece, a coragem volta... Ao escrever sei esclarecer todos os meus
pensamentos, os meus ideais, as minhas fantasias". Anne Frank


Anexo
O Diário de Anne Frank é um relato de uma menina de 13 anos, judia, nascida em Frankfurt (Alemanha), refugiada da Segunda Guerra em Amsterdã (Holanda). Pertencente a uma família de quatro pessoas, junto com mais quatro amigos refugiados, a família Van Dann e o dentista Dussel, Anne passa a habitar um esconderijo infecto , que era um balcão dentro de um prédio comercial, assim que a Alemanha, por conta do nazismo segregacionista de Hitler, invadiu a Holanda, para onde a família Frank tinha se mudado em busca de paz. 

Em meio àquela histeria Nazista, e racionamento de bens materiais e de subsistência, Anne, em pleno florescer da adolescência passa a se "corresponder" com uma amiga imaginária: Kitty. Na verdade, seu diário era a Kitty, presente de uma tia Leny Frank, em seu último aniversário como cidadã livre, serviu pra que a mente de Anne se refugiasse daquela tensão que abatia sua família e os quatro membros que habitavam com eles no "Anexo", apelido do esconderijo.

É uma história real, que faz pensar qualquer pessoa que se diz deprimida por causas tão amenas... Mas também é conhecido pelos filósofos da Guerra que estas situações limite "tanto mais revelam as virtudes, quanto a prosperidade revela os vícios"¹.


Foto tirada antes do exílio
Então Annelies não fugiu a regra quando em meio ao tormento de imaginar seus amigos sendo massacrados, e a iminente perspectiva de serem descobertos em seu esconderijo, Anne descreveu com riqueza de detalhes suas divagações sobre a vida, suas crises de adolescência, seus anseios sexuais, e suas inteligência para tratar de assuntos políticos, que eram relatados através do rádio de pilhas que amigos do "mundo externo" lhe ofereciam.

A família Frank era bem sucedida antes do tempo do Holocausto, por isso ainda puderam manter bons relacionamentos que o ajudaram a sobreviver enclausurados por dois anos. Miep Giels era uma das pessoas que ajudaram a família, e não chegou a ser punida pela ajuda voluntária a refugiados. Foi também quem guardou o Diário de Anne Frank após a mesma ter sido levada para o campo de concentração em Auschwitz, na Polônia.




"Com meu diário, quero dizer que pretendo ir mais adiante; não posso me imaginar vivendo como minha mãe ou a sra. Van Daan e todas aquelas mulheres que cumprem suas obrigações e mais tarde são esquecidas. Eu preciso ter algo mais que um marido e filhos, algo a que possa me devotar totalmente. Quero continuar vivendo depois da minha morte..." (20 de junho de 1942)


A clareza de espírito de Anne é impressionante. Quem em meio a guerra preocupa-se em filhos, vida familiar ou exemplos a seguir? Na verdade não é tão incomum assim, nós das últimas gerações que não convivemos com as guerras tal como eram no passado, que não compreendemos que os mecanismos de defesa da mente se vale dos mais singelos atos do cotidiano pra refrigerar a alma da intensa agonia que a morte iminente causa.


A doença crônica, ou tida por incurável, é uma espécie de morte iminente, por isso não estou tão longe dessa realidade, embora justamente isso me faça viver ainda mais!


"Preciso tornar-me boa através de meu próprio esforço, sem exemplos e sem bons conselhos. Então, mais tarde, deverei ser bem mais forte. Quem além de mim lerá estas frases? A não ser comigo, com quem posso contar? Um sem-número de amigos foram para um triste fim. Ninguém é poupado, cada um e todos se juntam na marcha da morte." (20 de outubro de 1942)



Meus amigos ... qual fim tiveram? De sorte não deve ter sido um trágico como os de Anne, em plena Segunda Guerra Mundial, mas quantos eu sequer tenho notícias? Terão de fato sido meus amigos, se eu sequer sei deles? Terei eu sido amiga deles?


"Não acredito que apenas os homens de projeção, os políticos e os capitalistas sejam culpados pela guerra. Não, o homem comum também é... Há uma urgência nas pessoas em destruir e matar, e até que toda a humanidade, sem exceção, passe por uma grande mudança, as guerras se sucederão." (3 de maio de 1944)
Entrada de Auschwitz


Tantos anos se passaram desde estas frases de Anne, e a mudança esperada ainda não ocorreu e guerras se sucedem... nem me refiro ao Oriente médio, basta olhar as comunidades brasileiras, as periferias. E nem é culpa dos "líderes" de Brasília... Mata-se por tão pouco!


"É realmente inexplicável que eu não tenha deixado de lado todos os meus ideais, porque eles parecem tão absurdos e impossíveis de se concretizarem. Mesmo assim eu os conservo, porque ainda acredito que as pessoas são boas de coração. Simplesmente não posso edificar minhas esperanças sobre alicerces de confusão, miséria e morte. Vejo o mundo gradativamente se tornando uma selvageria. Escuto o trovão se aproximando, cada vez mais, o que nos destruirá também; posso sentir o sofrimento de milhões e ainda assim, penso que tudo irá se corrigir, que esta crueldade também terminará. Enquanto isso, preciso adiar meus ideais para quando chegarem os tempos em que talvez eu seja capaz de alcançá-los." (15 de julho de 1944)
Perseverante até o penúltimo mês de vida.


-"Annelis Marie Frank, foi capturada junto com sua família, levada a um campo de concentração. Junto com outras prisioneiras selecionadas para trabalhos forçados, Anne foi obrigada a ficar nua para ser "desinfetada", teve a cabeça raspada e um número de identificação tatuado no braço. Durante o dia, as prisioneiras eram obrigadas a trabalhar. À noite elas eram reunidas em barracas geladas e apertadas. As péssimas condições de higiene propiciavam aparecimento de doenças. Anne teve sua pele vitimada pela sarna.


No dia 28 de outubro, Anne, Margot (a irmã) e a senhora Van Dans foram transferidas para um outro campo, localizado em Bergen-Belsen, na Alemanha. A mãe, Edith, foi deixada para trás, permanecendo em Auschwitiz. Em março de 1945, uma epidemia de tifo, doença transmitida por parasitas, se espalhou pelo campo de Bergen-Belsen.

Estima-se que cerca de 17 mil pessoas morreram por causa da doença. Entre as vítimas estavam Margot e Anne, que morreu com apenas 15 anos de idade, poucos dias depois de sua irmã ter morrido. Seus corpos foram jogados numa pilha de cadáveres e então cremados.-"
(Fonte:http://educacao.uol.com.br/historia/anne-frank.jhtm)






Seu pai Otto Frank, único sobrevivente, foi quem públicou o diário em 1947, devidamente editado, evitando os trechos que tratavam da sexualidade da filha, entre outra coisas e bem como queria, Anne sobreviveu a sua morte, pois ainda falamos dela, após 65 anos de sua morte.




¹: Frase de Francis Bacon em "Of Adversity"





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