sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A verdade

“... Pilados, então, lhe disse: Sois, pois, rei? Jesus lhe replicou: Vós o
dissestes; eu sou rei; eu não nasci nem vim a este mundo senão para
testemunhar a verdade; qualquer que pertença à verdade escuta minha
voz.”
(Capítulo 2, item 1.)

Não vemos a verdade, conforme afirmou Jesus Cristo, porque nossa
mente trabalha sem estar ligada aos nossos sentidos e emoções mais
profundos.
As ilusões nos impedem que realmente tenhamos os olhos de ver, e
porque não buscamos a verdade projetamos nos outros o que não podemos
aceitar como nosso. Tentamos nos livrar de nossos próprios sentimentos
atribuindo-os a outras pessoas. Adão disse a Deus: “Eu não pequei, a culpa foi
da mulher que me tentou”. Eva se desculpa perante o Criador: “Toda a
discórdia ocorrida cabe à maldita serpente”. Assim somos todos nós. Quando
desconhecemos os traços de nossa personalidade, condenamos fortemente e
responsabilizamos os outros por aquilo que não podemos admitir em nós
próprios.
Nossa visão sobre as coisas pode enganar-nos, pode estar disforme sob
determinados pontos de vista, pois em realidade ela se forjou entre nossas
convicções mais profundas, sobre aquilo que nós convencionamos chamar de
certo e errado, isto é, verdadeiro ou falso.
Na infância. por exemplo, se fomos repreendidos duramente por
demonstrarmos raiva, se fomos colocados em situações vexatórias por
aparentarmos medo, ou se fomos ridicularizados por manifestarmos afeto e
carinho, acabamos aprendendo a reprimir essas emoções por serem
consideradas feias, erradas e pecaminosas por adultos insensíveis e
recriminadores.
Porém, não damos conta de que, ao adotarmos essa postura repressora,
tornamo-nos criaturas inseguras e fracas e, a partir daí, começamos a não
confiar mais em nós mesmos.
Se a nossa verdade não é admitida honestamente, como podemos nos
aproximar da Verdade Maior?
Sentir medo ou raiva, quando houver necessidades autênticas, seja para
transpor algum obstáculo, seja para vencer barreiras naturais, é perfeitamente
compreensível, porque a energia da raiva é um importante “fator de defesa”, e
o medo é um prudente mediador em “situações perigosas”.
Para que possamos encontrar a Verdade, à qual se referia Jesus, é
preciso aceitar a nossa verdade, exercitando o “sentir” quanto às nossas
emoções, e adeqüá-las corretamente na vida. A sugestão feliz é o equilibrio e a
integração de nossas energias íntimas, e nunca a repressão e o
entorpecimento, nem tampouco a entrega incondicional simplesmente.
O que é a Verdade? Disse o Mestre: “Vim ao mundo para dar
testemunho da Verdade; todo aquele que é da Verdade ouve a minha voz”.
Cremos no que vemos, mas muitas vezes os órgãos dos sentidos nos
enganam. Vejamos alguns exemplos:
26
A Terra parece parada; o arco-íris nada mais é do que raios de sol
atravessando gotículas d’água; e certas estrelas que vislumbramos nos céus já
não existem, contudo, devido às distâncias enormes a serem percorridas, as
suas luzes continuam aportando na atmosfera de nosso planeta, dando-nos a
falsa impressão de vida real.
Cremos no que nos disseram, e, embora não sejam situações
vivenciadas ou experimentadas por nós, aceitamos como “verdades absolutas”,
quando de fato eram “conceitos relativos”.
Maneiras erradas de se ver a sexualidade, a religião, o casamento, as
raças e as profissões distanciam-nos cada vez mais da realidade das situações
e das criaturas com as quais convivemos.
Em vista disso, procuremos sintonizar-nos com os olhos espirituais,
porqüanto nossa percepção intuitiva é mais ampla e precisa que a visão física.
E abramos as comportas de nossa alma, para que captemos as inspirações
divinas que deliberam a vida em toda parte.
Somente assim estaremos mais perto de conhecer a Verdade à qual se
referia o Mestre Jesus.

Nenhum comentário:

Postar um comentário