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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Força do bem

Os equívocos são bastante comuns nos caminhos humanos.
Mesmo pessoas bem intencionadas por vezes se equivocam.
No ardor de discussões, muitas palavras são ditas sem a necessária reflexão.
O que parece correto em um contexto, mais tarde se afigura terrivelmente errado.
A maturidade fornece novos contornos ao que antes parecia simples.
O problema reside no que fazer após surgir a consciência do equívoco.
Depois que o mal foi feito, a palavra estranha foi dita, o amigo foi ferido.
Nessa situação, o orgulho é mau conselheiro.
Ele faz com que o homem, embora ciente de seu erro, não se disponha a assumi-lo.
Então, ele vive uma situação doentia e artificial.
Em seu íntimo, sabe-se em falta.
Contudo, procura afetar uma tranquilidade externa de todo falsa.
Ou até admite que errou, mas nada procura fazer a respeito.
Por vezes, adota algumas fórmulas para tentar se redimir, mas sem enfrentar realmente o problema.
Confessa-se pecador, penitencia-se, priva-se de alguns pequenos prazeres, pune-se das mais diversas formas.
Entretanto, a Espiritualidade Superior ensina que apenas por meio do bem se repara o mal.
Também alerta que essa reparação, para ser efetiva, precisa atingir o orgulho do homem e os seus interesses.
Tal significa que de pouco adianta orar pedindo perdão pelo erro cometido contra o semelhante, mas não o admitir para o próprio ofendido.
Jesus bem o disse:
Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás a caminho com ele.
Também recomendou que, antes de fazer uma oferta no altar, o homem deve se acertar primeiro com o seu irmão.
Quem erra o faz em relação à ordem cósmica, instituída por Deus para a harmônica evolução dos seres.
Contudo, o ofendido, em certa medida, representa a Lei Divina em face do ofensor.
Se é possível o acerto direto, ele deve ser efetuado.
Caso contrário, não faltaria quem decidisse comprar o Reino dos Céus com cestas básicas.
Prejudicaria os desafetos e buscaria se redimir mediante pequenos serviços para desconhecidos.
Só o bem apaga o mal.
Ou seja, é preciso haver progresso no íntimo da criatura, a revelar-se mediante uma conduta renovada.
Não é necessário sofrer longamente, desenvolver neuroses e enfermidades as mais variadas.
Mas é preciso enfrentar as consequências do que se fez.
Domar o próprio orgulho, admitir a falta e reparar o equívoco diretamente com o ofendido.
Caso esse fique irredutível e não queira a reconciliação, nem por isso a reabilitação se inviabiliza.
Nesse caso, ela se processa mediante gestos de genuíno amor em relação a terceiros.
O importante é que o mal se apague pela pujança do bem.
Não só pela reparação exterior, mas pelo progresso revelado na disposição firme de não mais errar.
Pense nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no item 1000 de O livro
 dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb.

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