Lorena
e seus filhos Jeanne, Júlia e Michael, com as idades de três, quatro e
seis anos se mudaram para sua cidade natal, nos Estados Unidos. Tudo
parecia que ia bem.
Porém,
passado o primeiro mês, começaram a sentir saudades da adorável casa de
tijolos, especialmente depois que se acomodaram em uma antiga casa de
madeira alugada, tudo que a renda familiar comportava.
Antes tinham mais conforto: lavadora, secadora, lava-louças, televisão e carro. Agora não havia nada disso.
Os
quartos não possuíam aquecimento mas, de alguma forma, as crianças não
pareciam perceber. O chão frio, contra seus pezinhos, simplesmente as
encorajava a se vestirem mais rápido pela manhã.
Lorena
reclamava do frio enquanto o vento assobiava pelas janelas e portas
daquela velha casa de madeira. Mas seus filhos riam e simplesmente se
aninhavam debaixo de pesadas mantas que ganharam de presente.
Eles
eram muito mais otimistas e criativos do que ela e a ensinaram como se
divertir sem televisão. Brincavam com jogos, liam livros, ouviam música e
cantavam.
Num
dia frio de inverno, depois de andar três quilômetros para casa após o
trabalho, Lorena lembrou-se que naquela noite, teria que lavar a roupa
da semana. Estava exausta e um tanto amarga.
Assim
que chegou, empilhou quatro cestas grandes de roupa suja dentro de um
carrinho vermelho e se dirigiu para a lavanderia com as crianças.
Apesar
da demora para que as roupas ficassem prontas, os pequenos
encontravam-se animados e se divertiam ao observarem a neve que caía do
lado de fora.
Finalmente
as roupas limpas e dobradas estavam empilhadas nas cestas e colocadas
no carrinho. Ela e as crianças abriram caminho através do vento frio da
noite e deslizaram pela calçada lamacenta.
A
procissão de três crianças pequenas, uma mãe rabugenta e quatro cestas
de roupas limpas em um carrinho vermelho movia-se lentamente, enquanto o
vento gelado feria seus ossos.
Ao
atravessarem uma rua, as rodas da frente escorregaram no gelo e viraram
o carrinho de lado, derrubando todas as roupas em uma poça de lama
preta.
Quando
chegaram em casa, Lorena foi para o quarto chorar. Soluçava alto,
estavam todos cansados e com fome, não tinha comida pronta, a roupa
ainda estava toda suja e não havia nenhuma perspectiva de um futuro
melhor.
Quando
as lágrimas pararam, ela sentou-se e ficou olhando para uma placa de
madeira pendurada na parede. Mostrava Jesus com os braços abertos sobre a
Terra.
Olhava
para o seu rosto, esperando um milagre. Queria desesperadamente que um
anjo viesse buscá-la, que a tirasse daquela situação.
Mas
não apareceu ninguém, a não ser Júlia, que espiou pela porta do quarto e
disse com a sua vozinha de quatro anos que tinha colocado a mesa para o
jantar.
Ela podia ouvir Jeanne, de seis anos de idade, na sala de estar, separando a roupa em duas pilhas: muito suja e meio limpa.
Michael, de três anos, apareceu no quarto e entregou-lhe um desenho que ele acabara de fazer da primeira neve.
Naquele
exato instante ela teve a certeza de não ter visto apenas um, mas três
pequenos anjos diante dela, eternamente otimistas e mais uma vez,
puxando-a da tristeza e da melancolia, mostrando-lhe que as coisas
podiam melhorar.
Esses
três anjos alimentaram o ânimo de Lorena e mesmo hoje, mais de vinte
anos depois, eles continuam a encher seu coração com a presença de Deus.
vermelho, de Patricia Lorenz, do livro Histórias para
aquecer o coração, v.1, de Jack Canfield, Mark Victor
Hansen e Heather Mcnamara, ed. Sextante.
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