Pelo caminho, encontrou uma senhora idosa, esfarrapada, esmolando. Compadecido, fez o que vira sua mãe fazer muitas vezes: deu-lhe as moedas que trazia e voltou para casa sem doces.
Entretanto, o menino Sundar Singh continuou inquieto. Tinha certeza de que aquelas moedinhas que dera não seriam suficientes para remediar as urgentes necessidades daquela mulher.
Ele vira o vento frio agitar-lhe os farrapos em torno do corpo magro, e gostaria de poder abrigá-la melhor.
Procurou o pai, contou a história e perguntou se não seria possível darem a ela cinco rupias, que lhe permitiriam comprar agasalhos.
Envolvido nas questões políticas, distraído quanto ao verdadeiro sentido do pedido do filho, Sher Singh respondeu que a socorrera várias vezes. Agora, que o filho deixasse que outra pessoa a auxiliasse.
O garoto não se conformou com essa solução. Afinal, ele vivia num grande e velho solar, com todo o conforto, onde a comida era boa e não faltavam agasalhos.
Sundar sabia onde seu pai guardava o dinheiro. Silenciosamente, retirou cinco rupias e saiu de casa, com a intenção de entregá-las à necessitada.
Mas as moedas lhe queimavam a mão. Aquilo era furto e ele compreendia muito bem o valor moral da ação praticada. E se o pai descobrisse? Ele não temia o castigo, somente temia perder a amizade e a confiança da família.
Deteve-se. Olhou as moedas, fechou-as fortemente na mão e retornou para casa, disposto a colocá-las de volta em seu devido lugar.
Porém, havia pessoas perto do cofre. Sundar escondeu muito bem o dinheiro e nada disse.
Mais tarde, o pai deu por falta das moedas. Ele tinha certeza de que as havia colocado no cofre. Procurou melhor. Talvez, de forma distraída, as tivesse deixado em outro local. Busca infrutífera.
Perguntou ao filho se as tinha visto e ele respondeu que não. Por fim, como não se tratava de quantia considerável, o governador se esqueceu do caso.
Anoiteceu. Todos se recolheram, após a leitura de um trecho do livro sagrado.
A noite foi terrível para o menino, que não conseguiu conciliar o sono. Revolveu-se na cama, de um lado a outro.
No dia seguinte, mal a madrugada começou a avermelhar o céu, correu ao lugar onde escondera o dinheiro, apanhou-o e foi entregá-lo ao pai, confessando o que fizera.
O tormento que o consumia interiormente, desapareceu. Agora, em frente ao pai, ele aguardava ser castigado.
Que viesse a punição – pensava – ele a merecia.
Para sua surpresa, depois de ouvi-lo e receber as moedas, o pai lhe disse:
Sempre confiei em você, meu filho. Agora, vejo que não me enganei.
E, estendendo a mão aberta, devolveu as cinco rupias ao menino:
Aqui está o dinheiro. Leva-o para a mulher.
Podemos imaginar o respeito e a admiração do pequeno pelo pai.
* * *
Educar os filhos, ensinar-lhes valores morais requer cuidados. Não
existem fórmulas precisas que não nos permitam equívocos, no processo
educativo.Contudo, uma boa dose de compreensão, algumas gotas de psicologia, cuidadosa observação e muito amor, com certeza, nos garantirão os melhores resultados na formação moral dos nossos filhos.
Pensemos nisso e dediquemo-nos. Afinal, não há tesouro maior na Terra do que os Espíritos que habitam nosso lar, na qualidade de filhos da carne e do coração.
Redação do Momento Espírita, com base no
cap.1, do livro O apóstolo dos pés sangrentos,
de Boanerges Ribeiro, ed. Casa Publicadora
das Assembleias de Deus.
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