Páginas

sábado, 16 de novembro de 2024

CONTRATO COM A MORTE

 A história macabra do piloto de F1 François Cévert e seu encontro com uma vidente, onde ele acabou sabendo de seu “contrato com a morte”.



“A morte está prevista em todos os nossos contratos.”

Albert François Cévert Goldenberg; 1944-1973


rançois Cévert, o companheiro de Jackie Stewart até 1973 na Tyrrell, era um dos pilotos mais talentosos de sua geração. Seria o primeiro piloto da equipe no ano seguinte com grandes chance de conquistar o título. Sua breve carreira era promissora, porém algo sobrenatural tinha acontecido fora de seus domínios.

Após sua morte, em 1973 na pista de Watkins Glen, uma história assustadora sobre uma vidente que teria previsto sua morte veio à tona. Uma namorada de François Cévert, chamada Anne Van Malderen, a “Nanou”, relata que em 1959 visitou uma vidente:

“Fui com a minha mãe visitar uma vidente que tinha sido recomendada a ela. Essa mulher morava na França, numa casa simples, e nada fazia crer que havia um elo dela com o ‘outro mundo’. Ela não lia cartas de baralho, nem tinha bola de cristal. O seu método era simplesmente olhar para você durante um longo período de tempo, ou então observar uma fotografia, quando alguém lhe trazia uma. E então ela concentrava-se, num silêncio total. Eu tinha 20 anos, não acreditava em previsões sobre o futuro. Mas, de repente, a vidente olhou no fundo dos meus olhos e disse: ‘Preciso falar com você’. Assustada, a segui até seu quarto”.


A vidente faz sua primeira revelação: “O seu casamento não vai durar. Você irá encontrar um jovem que deixará marcas profundas na sua vida. Você vai ser profundamente feliz. Posso ver os olhos azuis dele e o mar. Vocês se encontrarão lá, perto do mar”.

Nanou era recém-casada e isso a deixou curiosa por algum tempo. Mas acabou esquecendo a visita. Porém, cinco anos mais tarde, em 1964, conheceu François Cevert em St. Tropez. Na praia, perto do mar. Isso fez Nanou lembrar aquele dia com a vidente. Parecia fazer sentido agora. Ela voltou para uma nova consulta, mas decidiu testá-la. Sentou-se e não disse nada sobre François Cévert. Nesta época, o piloto participaria de uma competição cujo vencedor ganharia uma temporada completa na Fórmula 3. Era o Shell Scholarship. Nanou apenas entrega à vidente uma foto de Cévert. Ela permaneceu em silêncio por aproximadamente uma hora. E nada disse.

Quando falou, disse: “Você já veio aqui antes. Você já o encontrou!” E completou: “Que estranho, a foto dele está toda embaralhada nesta máquina estranha, tem rodas, mas não corpo, o que poderia ser?”

“É um carro de corridas”, explicou Nanou. “Ele quer ser piloto”.



A vidente então emenda: “Ele vai fazer um tipo de teste e vencerá facilmente. Vejo uma brilhante carreira à sua frente. Porém, você não vai conseguir segurá-lo, pois o sucesso dele irá se intrometer entre vocês dois”. Outro silêncio prolongado, e ela continua: “Preciso lhe dizer uma última coisa… Este jovem não viverá para comemorar os seus 30 anos”.

Nanou se assustou com a revelação e voltou seus olhos para um calendário na parede. “Até o dia da minha morte jamais esquecerei do dia em que lá fui: 29 de junho de 1966”.

Quando mais tarde encontrou François, Nanou foi com um sorriso amarelo. E logo conta que foi se consultar com uma vidente. “Ela disse que você vai vencer o Shell Scholarship. Ela também disse que sua carreira será brilhante, mas não ficaremos juntos.”

Cévert retruca: “Nos separar? Essa sua vidente é louca. Seja como for, esse tipo de coisa não passam de conversa fiada. Vou vê-la pessoalmente e aposto como vai prever para mim um futuro completamente diferente do seu”.

Dois meses depois, François Cévert foi visitar a vidente. Na volta, quando encontrou Nanou, o diálogo foi o seguinte:
– Você ligou para ela, né?
– Ligar pra ela? Para que?
– É que ela previu para mim exatamente aquilo que você me disse.
– Isso não significa nada, ela provavelmente te reconheceu. Eu mostrei uma foto sua. – Disse Nanou, com medo.
– Ela também te disse que eu não chegaria aos 30 anos?
– Isso é bobagem! Essas velhinhas falam pelos cotovelos, como pode alguém prever o futuro?
– Então ela disse isso para você também. – Disse François, que sorriu – Que importa? Até lá, já terei sido campeão do mundo. Desaparecer no auge da fama… que morte gloriosa!

Então ele abraçou e beijou Nanou.


Cévert chegou à Formula 1 em 1970. Correu na Tyrrell durante as três temporadas seguintes, onde venceu por uma vez, no GP dos Estados Unidos de 1971. No dia 6 de Outubro de 1973, durante os treinos para o mesmo GP dos EUA, lá estava François Cévert lutando pela pole. Numa sequência de “Esses” de alta velocidade, o carro de Cévert bateu no guardrail direito e voltou violentamente contra o guardrail esquerdo. Com a força do impacto o carro virou com as rodas para cima e deslizou por alguns metros sobre o guardrail, que funcionou como uma lâmina. O corpo de François Cévert foi cortado ao meio e ficou embaralhado com o carro.


François Cévert morreu em 6 de outubro de 1973, e completaria 30 anos em 25 de fevereiro de 1974. Era o último GP que faria antes de comemorar o seu aniversário.

Um ano depois, Nanou contou esta história na introdução da biografia do piloto, chamada Contrato com a Morte. A família de Cévert então lembrou que ele estava triste no final de 73, quando percebeu que não ganharia o título naquele ano. Eles tentaram animá-lo dizendo “Mas você ficou em segundo. Ano que vem pode ser campeão”, mas ele estava triste e nervoso. Teria ele lembrado da vidente?

Então a mãe de Cévert foi procurar a vidente. Ela pegou uma foto de François quando ele tinha 12 anos (impossível reconhecê-lo, segundo a irmã) e deu essa foto à mulher e disse: “Fale-me sobre ele”.

A vidente era a essa altura era muito, muito velha. Ela colocou a mão na foto, fechou os olhos e disse: “Vejo muitos sucessos, muitas coisas boas, será fantástico, ele será reconhecido por todo o país”. Ela não disse que ele seria piloto, mas que teria uma ótima carreira. Então ela parou de falar, abriu os olhos e ficou surpresa e com medo. Então olhou para a mãe de Cévert e disse: “Ele está morto…”


Referência:
Auto & Técnica;
Motorsport: A Date With Destiny

Saindo da Matrix

Nenhum comentário:

Postar um comentário