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segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Muitos anos ...

A saudade, às vezes, pode ser uma presença tão palpável quanto a própria pessoa que se foi. Lembro-me dela como se fosse ontem, embora os anos tenham se acumulado como folhas caídas no quintal de um outono que nunca termina. Ela, minha namorada de outros tempos, deixou em mim um vazio que nem o tempo, com sua habilidade de desgastar as lembranças, conseguiu preencher.

Há momentos em que fecho os olhos e quase posso vê-la novamente. Seu sorriso, aquele brilho no olhar que sempre parecia guardar um segredo, a forma como sua risada ecoava em meu peito e fazia o mundo parecer menos pesado. Era um tipo de felicidade que não cabia nas palavras, uma sensação de completude que só quem já amou profundamente consegue entender.

Os anos passaram, as estradas da vida nos afastaram, e, de alguma forma, perdi o rastro dela. Não por desamor, mas pelas voltas que o destino dá, tecendo caminhos que, às vezes, nos distanciam daquilo que mais queremos guardar. Apesar disso, a lembrança dela nunca se apagou. Ela vive em cada pensamento nostálgico, em cada música que me faz voltar no tempo, em cada lugar que, por acaso, me lembra algum momento compartilhado.

Sinto falta de coisas simples: de ouvi-la falar sobre seus sonhos, de vê-la distraída, de segurar sua mão e sentir o mundo inteiro parar ao nosso redor. É uma saudade que não machuca apenas, mas que ensina também. Ensinou-me o valor de viver o presente, de cuidar melhor das relações, de nunca deixar um "eu te amo" para depois.

Hoje, essa saudade é companheira. É memória viva de um amor que marcou minha história e que, mesmo à distância e sem reencontros, ainda aquece meu coração. Se algum dia eu tiver a chance de revê-la, não sei o que diria. Talvez um simples "você fez falta" já carregue o peso e a leveza de todos esses anos de ausência. Até lá, ela seguirá vivendo em minhas lembranças, como um capítulo que não se fechou, mas que continua a iluminar, de longe, os caminhos por onde ando.


ALB

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