Texto publicado por C. Moreira na (finada) lista Malkhut
O corpo Físico
Quanto à sua fisiologia e anatomia o estudo do homem pertence à Medicina. Para o estudo esotérico não há necessidade de aprofundarmos nos termos médicos. Sobre o corpo físico apenas o essencial interessa. Palavras do jargão médico podem ser encontradas em qualquer enciclopédia que trate do assunto, onde o estudante, por livre iniciativa, poderá se aprofundar a partir dos termos aqui empregados.
A única diferença essencial existente entre o homem e o animal é a razão. O homem é um animal racional, um animal intelectual. Os animais possuem mente instintiva e os seres humanos, mente racional ou intelectual.
Como os animais, o homem possui um esqueleto ósseo, coberto de carne, uma estrutura nervosa, um sistema sanguíneo e vários órgãos internos que são responsáveis por funções diversas, desde a defesa do organismo contra doenças até a reprodução da espécie.
Evidente que todas as funções corporais e mentais no homem são muito mais perfeitas e completas que nos animais. Porém, os princípios biológicos são idênticos.
Aprendemos no cristianismo que o homem é dotado de corpo e alma. Outras religiões ensinam que o homem é formado de corpo, alma e espírito. Contudo aqui está explicado de forma mais completa e detalhista a anatomia visível e invisível do homem. É o que será visto adiante.
O Corpo Etérico: a Energia da Vida
O corpo etérico é o responsável pela conformação, estruturação e alimentação energéticas do corpo celular. Para os estudantes, o corpo etérico, ou vital, é tão só a parte tetradimensional (4ª dimensão) do corpo físico; é o veículo da bioenergia e do prana que flui pelos 72 mil canais ou meridianos energéticos que vitalizam todos os órgãos do corpo físico.
O conhecimento dos meridianos energéticos possibilitou, dentre outras coisas, a acupuntura, o do-in, o moxabustão, etc. Quem quer ter saúde perfeita deve aprender a trabalhar com a bioenergia e com o Pranayama. Pranayamas combinados com mantras estimulam o trabalho dos chakras ou centros energéticos do homem. A cromoterapia também está baseada nesses mesmos princípios energéticos.
O corpo vital ou etérico é o grande maestro, o arranjador, o organizador termobioeletromagnético que atrai e impulsiona energias dentro de um movimento de sístole e diástole.
Os cientistas até hoje buscam a origem da Vida. Jamais encontrarão a origem da Vida se não estudarem Cosmologia. Estudando Cosmologia encontrarão a origem da Vida em Deus.
Deus é Deuses. Deus é onipresente devido aos seus infinitos desdobramentos, tanto em formas quanto em energias. Por ora vamos dizer que a vida se manifesta em todas as formas, corpos, seres e criaturas do universo graças à desintegração de pequeníssimas partículas ígneas, constituídas de energia vital – o prana – cuja força desprendida é fixada, absorvida e assimilada pelos tecidos celulares mediante processos químicos.
A energia vital é derivada ou produzida pelos tatwas. Tatwas são vibrações do éter. Por trás dos tatwas estão os elementais do fogo, da terra, do ar, da água e do éter. Sendo o homem um microcosmo obviamente seu Reino Interno é povoado por milhares e milhões de criaturas elementais atômicas como as que habitam e trabalham no macrocosmo.
O Corpo Astral: a Emoção
Praticamente todas as escolas do nível de Jardim de Infância da Ciência Hermética falam do corpo astral. Eidolon era a denominação dada pelos gregos antigos ao corpo astral. Na Índia é o Linga-sharira.
O ser humano ainda não possui um verdadeiro corpo astral. Por mais difícil que seja acreditar nisso, é a verdade: o homem comum e corrente ainda não possui corpo astral. É preciso fabricá-lo por meio da alquimia, isto será falado mais adiante, mas deixando claro que quando se fala criar corpos ou em alquimia está se falando diretamente do sexo, não se cria nada com teorias, dogmas, crenças etc., tudo no universo é criado através da energia sexual.
Isso que chamamos de corpo astral é tão só um corpo de desejos – um corpo de protoplasma que a natureza nos emprestou para que pudéssemos viver e ter incipientes funções emocionais e sentimentais. Corpo astral autêntico possuem os Auto-realizados – aqueles Seres que trabalharam na alquimia até o Terceiro Grau do Magistério do Fogo. Não negamos o fenômeno nem a realidade do desdobramento do corpo astral (desdobramento). Mas é preciso enfatizar que a popular viagem astral é tão só a projeção do Linga-sharira na região do Limbo e nada mais.
O Orco dos clássicos ou o Limbo do cristianismo esotérico primitivo é composto pelas regiões e planos moleculares da natureza. O Limbo está longe dos planos eletrônicos e espirituais onde moram as almas e os seres de maior estatura espiritual.
Entenda-se que o corpo de desejos é muito limitado quando confrontado com o legítimo corpo astral. Compreenda-se ainda que só o legítimo corpo astral pode se deslocar pelas dimensões eletrônicas da natureza.
A alma e o espírito não vivem nos planos moleculares. A alma e o espírito vivem nos planos eletrônicos. Os planos moleculares são regiões de inconsciência. Os planos eletrônicos são regiões de consciência pura.
Sentimentos puros e verdadeiros são atributos do legítimo corpo astral. Paixões, desejos, sentimentos de ódio, vingança, orgulho, etc. são próprios do corpo de desejos.
Tem-se aqui um dilema: as pessoas alimentam e cultivam seu corpo emocional com filmes de terror, esportes violentos, lutas de boxe, leituras de romances de sucesso, etc. porque possuem um corpo de desejos ou porque, não possuindo um legítimo corpo astral, têm necessidade de sentimentos e emoções de ódio, vingança, violência, terror, pornografia, inframúsica, etc?
Por isso é que se torna indispensável o trabalho alquímico: para transmutar a natureza animal em natureza humana; para transformar as baixas paixões nos autênticos sentimentos de amor, afeto, carinho, caridade ou nas emoções extasiantes e arrebatadoras dos místicos e grandes músicos e artistas.
É preciso começar a alimentar nosso corpo emocional com impressões nobres, seletas e elevadas, colhidas no convívio familiar e social positivos onde não haja calúnias, difamações, invejas, fofocas, intrigas; na música erudita dos grandes mestres; na arte dos grandes expoentes da Arte Régia; nos passeios junto à mãe natureza e na prática de tarefas que atendam e preencham nossas necessidades e impulsos de crescimento e desenvolvimento internos.
O Corpo Mental: o Pensamento
Cursos de desenvolvimento de poder mental fizeram e ainda fazem grande sucesso – e também grandes estragos. “Desenvolva o poder da sua mente e seja mais feliz” poderia ser o slogan de um desses cursos.
Porém, o que é a mente? O que é o corpo mental? Que força pode ter nossa mente? Será a mente o único agente da felicidade e de domínio sobre as circunstâncias pessoais e da vida? Acredita sinceramente o nobre leitor deste texto que isso e possível?
O homem possui potencialidades e capacidades desconhecidas – e sobre isso não há dúvida. Porém, não podemos dizer que a mente é o último estágio humano. Dedicar-se ao desenvolvimento mental é algo pobre, limitado e só acontece, em última análise, por causa da ignorância das pessoas e da esperteza dos vigaristas.
Tem-se dado muita importância à mente devido ao fato de que, com ela, podemos fazer planos, cálculos, raciocínios, projeções, especulações, ilações, desenvolver maravilhosamente a memória, etc.
Muitos ainda desenvolvem a capacidade de concentrar a mente numa única coisa ou objeto. Outros, sentem orgulho porque com a sua força mental podem mover objetos à distância – e de fato o conseguem. A própria ciência tem dedicado estudos e pesquisas acerca dos poderes e possibilidades da mente. Militares russos e americanos chegaram até a fazer experiências no sentido de usar a mente como detonador de armas teleguiadas. Porém, ainda que tudo isso seja maravilhoso e fantástico, representa apenas um estágio do conhecimento e do uso de nossas infinitas possibilidades – para o bem ou para o mal, para construir ou para destruir.
A mente humana difere da mente animal exclusivamente pela forma intelectual que a primeira apresenta. Se tirarmos o intelecto de um homem ele passará a se comportar como qualquer outro animal, vivendo e agindo por força do instinto. Crianças criadas por animais, quando foram descobertas e observadas, comportavam-se como o animal que a criou.
O corpo mental que possuímos é produto da mecânica evolutiva da natureza. Não temos ainda um autêntico corpo mental, de carne e osso mentais. O corpo mental verdadeiro é forjado ou se cristaliza quando se trabalha com a alquimia. O atual corpo mental dos seres humanos é constituído de matéria protoplasmática – ou seja: é um corpo ou princípio emprestado pela natureza. Para alguém se tornar imortal é preciso forjar um corpo mental próprio que a natureza não possa envelhecer ou retomar.
Hoje, quando um homem cultiva “as forças de sua mente” não está fazendo mais que superpolarizar determinadas faculdades que, muitas vezes, se desenvolvem às expensas de outros atributos essenciais e vitais para a existência plena e completa. Esses poderes do corpo mental-animal são como a luz de vela diante do sol quando comparados com os poderes e atributos do autêntico corpo mental criado no Quarto Grau do Magistério do Fogo na alquimia.
Mente e cérebro
Jamais devemos confundir a mente com o cérebro. O cérebro é tão só o expoente físico da mente. A natureza fez o cérebro para elaborar o pensamento, mas não é o pensamento. Quem confunde mente com cérebro parte do princípio de que o fio elétrico é a eletricidade. O pensamento também não é inteligência. Portanto, não adianta cultivar a mente acreditando que se tornará mais inteligente.
A inteligência é uma faculdade da Consciência. Quanto mais consciente for um homem mais inteligente ele será. Basicamente, a mente trabalha com conceitos. Conceitos são coisas emprestadas – não são coisas próprias. A mente não pode criar autoconceitos – que é próprio da Consciência. Krishnamurti só trabalhava com autoconceitos. Por isso era uma pessoa brilhante que encantava e magnetizava as platéias que acorriam às suas palestras e conferências.
A mente ou corpo mental hoje é motivo de conflitos e sofrimentos, por que foi mal educada e porque serve de abrigo e guarida para inúmeros egos. Aqueles que almejam as Altas Esferas da Ciência Universal necessitam reeducar a mente, tornando-a dócil e receptiva.
Isso é feito com a técnica e a ciência da Meditação Transcendental. Os clarividentes vêem a mente como um corpo de carne e osso, semelhante ao corpo físico, porém – nem poderia ser diferente – constituído de matéria mental, matéria da sexta dimensão.
É uma lástima ver as pessoas alimentando suas mentes, o corpo mental, com impressões negativas colhidas de filmes e revistas pornográficas, romances baratos, novelas, livrinhos de aventura, música infernal, teatro degenerado, etc. etc.
O corpo mental, como a Consciência, necessita de alimentos próprios, cuidados especiais, disciplina e uma educação específica.
Manas: a Consciência
Manas é de natureza masculina. Manas é o perfeito reflexo da mente cósmica em nós. Manas é a Consciência, a verdadeira mente universal. A faculdade de Manas é a intuição. Manas é conhecida também como o Corpo da Vontade Consciente.
Simbolicamente, este corpo de vontade ficou estampado com o sangue do Divino Mestre no Lenço de Verônica quando o Drama Cósmico da Iniciação foi representado ao vivo nas ruas da antiga Jerusalém. Não se deve confundir “desenvolver força de vontade” com “encarnar o corpo da vontade consciente”.
Manas é Tipheret na Cabala – o centro da Árvore da Vida. Manas, a alma humana, a Consciência, não é o corpo mental. Manas trabalha e atua de forma independente da mente, das emoções e do corpo. Manas está além da mente, dos afetos e das recordações.
A psicologia confunde a Consciência com o ego. Muitas escolas e ordens que atuam no Jardim de Infância do esoterismo da humanidade vão além, dividindo o ego em Eu Superior e Eu Inferior.
A Filokalia e a Cosmologia ensinam claramente que ego é ego e Consciência é Consciência. A Consciência é uma faculdade e um atributo da Alma e do Ser. No homem comum e corrente, de fato, existe mais subconsciência que consciência. A inconsciência do homem é tamanha que basta adormecer para mergulhar em sonhos e não se lembrar de mais nada.
A inconsciência aumenta com o passar dos anos porque esquecemos de nós mesmos, temos nossa atenção descentralizada ou voltada para o mundo exterior quando deveríamos permanecer atentos, alertas e centrados em nós mesmos o tempo todo.
Por sermos criaturas inconscientes vivemos e fazemos tudo de forma mecânica e superficial, sem sentir e sem chegar a viver de fato porque mais bem passamos pela vida do que vivemos. Para deixarmos de ser inconscientes precisamos aprender a dividir e a governar a atenção.
Buddhi: a Alma Divina
Atman possui duas almas gêmeas: Buddhi e Manas. Buddhi é a Alma Espiritual, de natureza feminina, denominada Beatriz na Divina Comédia de Dante Alighieri. Buddhi e Manas são os dois peixes do zodíaco que nadam nas águas negras e profundas da Eterna Mãe-Espaço. Buddhi e Manas são os dois opostos, masculino e feminino, que se conciliam na Mônada (Atman) para formar a tríada imortal – o segundo triângulo divino.
A imortal tríada de qualquer homem comum e corrente não está encarnada, não vive no homem, nem o homem a possui dentro de si. A imortal tríada vive livremente na Via Láctea espiritual e a única ligação existente com o homem terrestre se dá através do antakarana, o tênue fio da vida.
O homem tem uma alma mas não a possui. O homem encarna sua alma quando atinge o Sexto Grau do Magistério do Fogo na sagrada ciência da alquimia.
O pouco de alma, a semente de alma que está depositada no homem terrestre a espera de germinar, nascer e se desenvolver, é chamada no Oriente de Buddhata. Essa semente, fecundada com as águas da vida, germina, depois, na Terra Filosofal do homem, num autêntico processo de auto-inseminação alquímica. Mais tarde, nasce como o Filho do Homem através de um segundo nascimento em que, ensinou Jesus, não é preciso voltar novamente ao ventre materno.
Lembre-se, ó Arhat, que não há trabalho alquímico sem Kundalini.
Atman: o Espírito
Atman é o mais elevado dos 7 princípios constitutivos do homem. Atman é o Ser, o íntimo. O Ser é a síntese da Consciência, da Energia e da Substância. Atman também é a síntese do Ser Supremo – expresso na Coroa Logóica.
O cristianismo denomina o Ser de Espírito. Atman, em sânscrito, quer dizer “Alma“; “Mahatma” significa grande alma.
Atman possui duas almas, emanadas de si mesmo: Buddhi e Manas, alma espiritual e alma humana. Poucos seres humanos chegaram a encarnar Atman, o Íntimo. Quem encarna Atman torna-se, por direito próprio, um Mestre do Tempo e da Eternidade – toma-se um Ser Auto-realizado, um Ser Imortal.
O mundo do íntimo é totalmente eletrônico e espiritualizado, um mundo de infinita felicidade. Para encarnar Atman é preciso despertar e desenvolver Kundalini em seus Sete Graus. Moisés chegou a encarnar o Logos – foi além dos Sete Graus de Fogo e dos Sete Graus de Luz. Jesus encarnou o Cristo Cósmico. Por isso tornou-se o mais exaltado membro da Fraternidade Branca Universal.
Jesus é um Paramartha-satya. Paramartha-satya é um habitante do Absoluto. Quem encarna o Ser pode, depois, encarnar o Cristo Cósmico. Lembre-se, ó Arhat, que o Cristo só encarna nos Bodhisattvas de Compaixão.
Bodhisattvas de Compaixão são os Buddhas Pratiekas.
Buddhas Pratiekas são aqueles que, tendo ganho o direito de ingressar no Nirvana, renunciam à sua infinita felicidade para seguir trabalhando pela humanidade.
Uma escola esotérica que não conhece e não trabalha com o Magistério do Fogo e com o Magistério da Luz e ainda por cima desconhece os Sagrados Mistérios dos 12 Trabalhos de Hércules – o Cristo Cósmico – não é uma Escola Iniciática autêntica. É apenas um Jardim de Infância para o espírito.
Existem quatro categorias básicas de Escolas Iniciáticas:
- As que funcionam como Jardim de Infância;
- As que ensinam a encarnar a Alma;
- As que ensinam a encarnar o Espírito;
- As que ensinam a encarnar o Cristo Cósmico.
Meditações, pranayamas, asanas, mantras e orações servem de meio para estabelecer contato com Atman, o que não significa encarná-lo. Exercícios de yoga e zen podem proporcionar o samadhi – que é a fusão temporária com Atman, mas, terminado o êxtase, volta-se à dura realidade da Mansão de Barro. Samadhi, portanto, não significa encarnar o Ser, apenas uma fusão ou absorção temporária com o Ser.
Um yogue ou estudante zen pode ter facilidades, pela dura disciplina que desenvolveu, para trabalhar com Kundalini. Mas que, de resto, terá que enfrentar a si mesmo como qualquer outro aspirante do Conhecimento Secreto.
Fonte:Saindo da Matrix
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