"Dois monges se preparavam para atravessar um rio a pé, quando deles se aproximou uma formosa mulher. Ela também queria atravessar o rio, mas tinha medo da violência da correnteza.
Então, um dos monges, bondosamente, tomou-a nos braços e a transportou para a outra margem do rio.
Seu companheiro o recriminou: um monge não deve tocar o corpo de uma mulher!
E, durante todo a caminho, não abriu a boca. Duas horas mais tarde, quando avistaram o mosteiro, ele avisou em tom de reprovação que ia contar ao mestre o que tinha acontecido:
– O que você fez é vergonhoso e proibido pela nossa regra!
Seu companheiro se espantou:
– O que é vergonhoso? O que é proibido?
– Como assim? Você esqueceu do que fez? Será não se lembra? Você carregou uma mulher em seus braços!
– Ah, foi! – lembrou-se o primeiro, rindo. – Você tem razão. Contudo, já fazem duas horas que a deixei na outra margem... Mas você, pelo que vejo, ainda a está carregando nos braços!"
E, durante todo a caminho, não abriu a boca. Duas horas mais tarde, quando avistaram o mosteiro, ele avisou em tom de reprovação que ia contar ao mestre o que tinha acontecido:
– O que você fez é vergonhoso e proibido pela nossa regra!
Seu companheiro se espantou:
– O que é vergonhoso? O que é proibido?
– Como assim? Você esqueceu do que fez? Será não se lembra? Você carregou uma mulher em seus braços!
– Ah, foi! – lembrou-se o primeiro, rindo. – Você tem razão. Contudo, já fazem duas horas que a deixei na outra margem... Mas você, pelo que vejo, ainda a está carregando nos braços!"
(Conto budista)
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Na cabeça de qual monge estava a tentação? A vontade de transgredir? A transgressão, no caso, seria tanto dos votos quanto das regras rígidas do mosteiro.
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Na cabeça de qual monge estava a tentação? A vontade de transgredir? A transgressão, no caso, seria tanto dos votos quanto das regras rígidas do mosteiro.
Pensemos nisso sempre que surgir em nós a vontade de anotar possíveis erros de nosso próximo.
Talvez o "erro" tenha tenha acontecido no propósito de ajudar alguém, como neste caso.
O mal nem sempre está no outro. Pode estar em nós, nos desejos mais secretos de nossa alma. Como vulcão represado, seus vapores podem ser contidos por algum tempo pela rocha dura (regras rígidas) de nossa dissimulação, porém um dia fatalmente o farão entrar em erupção.
O que nos convém fazer é buscar o autoconhecimento, reconhecer os sentimentos que habitam o nosso íntimo, aceitá-los sem condenação, sempre observando neles o buril precioso de nosso aprimoramento, e finalmente educá-los.
Para isso estamos encarnados, para que nos melhoremos como pessoas e não para nos transformar em juízes da vida alheia.
Isso vale para todos nós. Sequer Jesus se viu livre da tentação, que o seguiu no deserto.
Olhemos para nosso próximo com amor, desculpando sempre qualquer falha, porque apenas Deus sabe o que cada um traz em si.
Por mais que camuflemos sentimentos com atitudes e palavras de pretensa elevação, o Pai sabe de nossas fraquezas e pode, hora dessas, nos mandar a prova que apontamos nos outros, apenas para nos mostrar que fragilidade moral é algo que habita em todos nós, e que a necessidade de educação, por ora, ainda é regra geral. (Instituto André Luiz, 20/05/2020)
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