Saudades da Infância
Há algo de mágico em olhar para trás e revisitar os dias da infância. Aquele período da vida em que tudo parecia mais simples, mais colorido e infinitamente cheio de possibilidades. É um sentimento nostálgico, uma mistura de alegria por ter vivido momentos tão doces e de melancolia por saber que eles pertencem ao passado.
Lembro-me das tardes intermináveis, quando o tempo parecia andar mais devagar. O vento soprava suavemente, trazendo consigo o cheiro de terra molhada depois da chuva. A rua era nosso território, onde o barulho das risadas ecoava entre brincadeiras de pique-esconde, amarelinha e futebol improvisado. Não havia relógio que mandasse embora a alegria; o único indicador de que o dia chegava ao fim era o céu se tingindo de laranja ao entardecer.
Os pequenos detalhes da infância carregam um encanto que só percebemos mais tarde. A ansiedade em esperar pelo dia do aniversário, o sabor do bolo feito em casa, o cheiro dos cadernos novos no início do ano letivo. Até os dias de chuva, que nos prendiam dentro de casa, tinham seu charme: transformavam o mundo exterior em um espetáculo de sons e possibilitavam aventuras imaginárias com brinquedos e histórias inventadas.
Era um tempo em que as preocupações eram pequenas e os sonhos, gigantes. A maior responsabilidade era escolher o sabor do sorvete, e o maior dilema era decidir se a lição de casa seria feita antes ou depois do desenho animado. Havia uma liberdade implícita no simples fato de ser criança, de não carregar o peso de expectativas e compromissos.
Agora, ao lembrar disso, sinto um aperto suave no peito. Não é tristeza, mas uma saudade quase palpável. Saudade de quando a vida era vivida com tanta intensidade e simplicidade, de quando tudo parecia possível e o mundo não parecia tão grande ou complicado.
A infância é como um tesouro guardado dentro de nós, uma lembrança que aquece o coração nas horas difíceis. Embora os anos passem e nos tornemos adultos, parte de nós sempre será aquela criança que um dia correu descalça, acreditou em finais felizes e encontrou alegria nas coisas mais simples. E, em meio à correria da vida, lembrar disso é um convite a resgatar essa pureza e alegria que nunca deveria nos abandonar completamente.
ALB
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