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quarta-feira, 27 de maio de 2009

Mensagem do homem triste

Meimei

Passaste por mim com simpatia, mas quando me viste os olhos parados, indagaste em silêncio porque vagueio na rua.
Talvez por isso estugaste o passo e, embora te quisesse chamar, a palavra esmoreceu-me na boca.
É possível tenhamos suposto que desisti do trabalho, no entanto, ainda hoje, bati, em vão, de oficina a oficina... Muitos disseram que ultrapassei a idade para ganhar dignamente o meu pão, como se a madureza do corpo fosse condenação à inutilidade, e outros, desconhecendo que vendi minha roupa melhor para aliviar a esposa doente, despediram-me apressados, acreditando-me vagabundo sem profissão.
Não sei se notaste quando o guarda me arrancou à contemplação da vitrina, a gritar-me palavras duras, qual se eu fosse vulgar malfeitor. Crê, porém, que nem de leve me passou pela mente a idéia de furto; apenas admirava os bolos expostos, recordando os filhinhos a me abraçarem com a fome, quando retorno à casa.
Ignoro se observaste as pessoas que me endereçavam gracejos, imaginando-me embriagado, porque eu tremesse, encostado ao poste; afastaram-se todas, com manifesto desprezo, contudo não tive coragem de explicar-lhe que não tomo qualquer alimento, há três dias...
A ti, porém, me fitaste sem medo, ouso rogar apoio e cooperação. Agradeço a dádiva que me estendas, no entanto, acima de tudo, em nome do Cristo que dizemos amar, peço me restituas a esperança, a fim de que eu possa honrar, com alegria, o dom de viver. Para isso, basta que te aproximes de mim, sem asco, para que eu saiba, apesar de todo o meu infortúnio, que ainda sou teu irmão.

Livro Ideal Espírita - Psicografia Francisco C. Xavier - Espíritos Diversos
Digitado por: Lúcia Aydir

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