quinta-feira, 11 de novembro de 2010

CLARA DE ASSIS

Retornamos para Assis na Itália, onde o casal de nobres formado pelo Conde Faverone Scifi e sua esposa Hortolona, moradores em um castelo na Praça da Catedral de São Rufino, recebia a primeira das quatro crianças de sua família: tratava-se de Chiara d´Offreducci (Clara de Assis) nascida em 16 de julho de 1194, tendo desencarnado em 11 de agosto de 1253.
Em 1203, seus pais, fugindo de um conflito entre duas facções, levaram os filhos para Perúgia, retornando a Assis em 1205.
Clara conheceu Francisco de Assis quando este pregava na Catedral de sua cidade, em 1210, e logo se irmanou com sua maneira de pensar e sua filosofia de vida. Tal amizade levou-a a abandonar seu estilo de vida, em 1212, para seguir os caminhos traçados pelo frade. Juntos, fundaram a Ordem das Pobres Damas, ramo feminino da Ordem dos Frades Menores, também dedicadas à obediência, castidade e pobreza, cujas monjas ficaram conhecidas como Damas Pobres ou Clarissas.
As reações da família da jovem não demoraram, o que forçou Francisco a recolhê-la no Convento das Beneditinas de São Paulo de Bastia Umbra; por fim ele a levou para junto das monjas de Santo Ângelo de Panzo, no Monte Subasio.
Catarina, de quinze anos, irmã de Clara, seguiu seus passos e procurou refúgio juntamente com Clara; Francisco passou a chamá-la de Irmã Inês.
Novamente a família reagiu; mesmo assim as duas passaram a viver na mais absoluta pobreza, no convento de São Damião.
A piedade de Clara era notória, a ponto de suas irmãs de crença a procurarem em busca de suas visões esclarecedoras.
Do livro Mediunidade dos Santos, de Clóvis Tavares, retiramos trechos que relatam a mediunidade de Clara:
“Diz o seu biógrafo textualmente: Agradou-se ainda Deus de revelar à sua diletíssima Serva o estado de muitas almas traspassadas desta para a outra vida. Entre os exemplos vários citados, conta-se o caso de um senhor, Mascio de Poggio, que recorreu à Beata Joana para consultá-la sobre uma dúvida, isto é, se era obrigado a executar o testamento de sua falecida esposa. Antes de dar-lhe resposta, Joana pediu à irmã Clara que orasse no sentido de obter uma resposta espiritual. Enquanto Clara orava, numa visão, lhe apareceu a defunta envolta em chamas, implorando sufrágios e a satisfação dos seus pios legados”.
“Certa vez, Clara teve a visão espiritual de uma alma em terrível situação espiritual. Tratava-se de Cetto, da cidade de Spoleto. Clara se apresou a pedir às suas irmãs do mosteiro orações em favor dessa entidade desencarnada. Ninguém, entretanto, sabia da morte de Cetto, notícia que só chegou ao mosteiro no dia seguinte ao da visão”.
“Certo dia, Santa Clara anunciou profeticamente às suas irmãs a vinda ao Monastério de uma devota peregrina chamada Margarida, que partira de Carcassone, no Languedoc, França. Disse-lhes ainda que a jovem Margarida teria como destino da viagem a cidade de Roma, onde iria visitar os lugares santos. Clara marcou dia e hora da chegada da forasteira a Montefalco. E precisamente no mesmo dia e à mesma hora, a jovem Margarida dava entrada no Convento da Cruz. Clara acolheu-a com as maiores demonstrações de carinho e a saudou pelo nome, embora não a conhecesse pessoalmente. Demorou-se em longo colóquio com Margarida, conversando com a peregrina no dialeto desta, o languedoc (provençal), em presença das monjas que as escutavam, surpresas pela novidade da descoberta daquele dom das línguas, acrescido aos outros dons de sua Abadessa”.
Depois, quando sua amiga, a Abadessa Joana desencarnou, Clara entrou em abatimento por três dias.
“No final do terceiro dia estava a Beata Clara em oração, após as matinas, quando percebeu alguém caminhando para o oratório. Teve a impressão de que eram passos da Beata Joana. Chamou-a, então, e ela respondeu: Clara! Clara perguntou: Não estás morta? Sim, respondeu a irmã – estou morta, mas, a morte é uma passagem para o paraíso, onde me alegrarei eternamente em meu Deus. Clara ouviu a voz da irmã, mas não enxergou senão uma grande chama, que pousou depois sobre sua cabeça. Então, sentiu que dela se apossou uma repentina calma e seu pranto se converteu em alegria e agradecimentos a Deus”.
Médium de tamanha capacidade, somente poderia ter seu desencarne precedido de fenômenos mediúnicos. Destacamos dois casos interessantes envolvendo a proximidade de sua morte física.
“Outra religiosa, esta abadessa, também de Spoleto, chamada Irmã Paula, também teve uma visão de um Espírito envolto em grande luz nos ares, tendo ouvido, ao mesmo tempo, uma voz que lhe disse: Esta é Clara da Cruz que neste momento se encaminha para a Vida Eterna”.
“Também outra religiosa, abadessa em Perusa, grande admiradora e amiga de Clara, estando a orar em companhia de suas irmãs, repentinamente, viu uma grande luz, que a pôs atônita. Também lhe foi revelado, no momento, que Clara havia ascendido aos céus e que aquela luz era o símbolo de sua glória. E não teve dúvida em declarar às religiosas, em face da visão: Irmãs, alegremo-nos, no Senhor, porque nossa Clara acaba de passar à glória do paraíso”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário