“... Homens de uma capacidade notória que não a compreendem,
enquanto que inteligências vulgares, de jovens mesmo, apenas saídos da
adolescência, a apreendem com admirável exatidão em suas mais
delicadas nuanças...”
enquanto que inteligências vulgares, de jovens mesmo, apenas saídos da
adolescência, a apreendem com admirável exatidão em suas mais
delicadas nuanças...”
Na realidade, são homens sensíveis todos aqueles que aprenderam a
focalizar intensamente a essência das coisas. Sabem sintetizar e observar sem
julgamentos prévios as ocorrências e assuntos, examinando-os como eles se
apresentam realmente, com uma lucidez e discernimento cada vez maiores.
Sensibilidade é patrimônio do espírito quejá atingiu um certo grau de
percepção e detecção proveniente do âmago dos fatos. Faculdade esta
alicerçada no “senso de realidade”, que tem a capacidade de penetrar nas
idéias novas, captá-las e analisá-las sutilmente, com admirável eficiência e
exatidão.
Há criaturas, porém, que se apegam somente aos fenômenos e
manifestações espetaculares do mundo espiritual. Imaturas e insensíveis, não
compreendem as conseqüências éticas existentes por detrás dessas mesmas
manifestações. Não percebem os horizontes ilimitados que se descortinam em
razão da crença na imortalidade das almas, pois não foram “tocadas no
coração” pelo sentimento de que o Universo é o lar que abriga a todos nós,
eternos viajantes na embarcação da Vida.
Por não possuírem a “parte essencial”, não tomam consciência do fato de
que existir é participar de uma constante e eterna renovação, que impulsiona
as criaturas ao auto-aperfeiçoamento. Há tempo de começar, crescer,
transformar e recomeçar, num eterno reciclar de experiências.
Todavia, aqueles cujo “nível de maturidade” foi desenvolvido se
diferenciam dos outros, porque focalizam com seus sentidos acurados as
profundezas das coisas e, em muitas ocasiões, conseguem até perceber que
certas ciências são muito mais espiritualistas do que determinadas crenças ou
cultos religiosos.
Ciências há que transcendem à vida física pelo somatório de bases
universalistas: observam, no interagir das relações entre seres vivos e o meio
ambiente, uma associação harmônica de “Ordem Divina” e de cunho
fraternalista. Por outro lado, certas religiões deixam muito a desejar quanto ao
sentimento de fraternidade: prometem recompensas imediatistas e ficam
presas a dogmas materialistas de infalibilidade e autoritarismo.
Os seres humanos sensíveis estão despertos tanto em seus sentidos
externos quanto internos, estão vivos em plenitude, pois experimentam a
atmosfera de cada momento.
Estão sempre refletindo e discernindo suas emoções e sentimentos,
porquejá se permitem experimentar toda uma sucessão de sensações, que
decorrem das experiências nas relações humanas.
Portanto, podemos confiar em que cada um de nós, a seu tempo,
sensibilizar-se-á pelas coisas espirituais, visto que o desenvolvimento de nosso
grau evolutivo transcorre natural e incessantemente em decorrência dosimpulsos de progresso que recebemos das leis divinas existentes em nós
mesmos.
Aqueles que se prendem unicamente aos fenômenos mediúnicos e em
nada se transformam espiritualmente encontrarão mesmo assim, nesse
comportamento, “um primeiro passo que lhes tornará o segundo mais fácil
numa outra existência”. (1) Trata-se de um processo que não ocorre da noite
para o dia, mas que se vai projetando ao longo do tempo e sempre acontece
quando estamos prontos para crescer. Aliás, “quando o aluno está pronto, o
professor sempre aparece”.
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