sábado, 8 de setembro de 2012

CONVITE AO DESPRENDIMENTO

“Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a traça e a
ferrugem os consomem, e onde os ladrões penetram e roubam...”
(Mateus: capítulo 6º, versículo 19.)



Desprendimento na qualidade de desapego, não de estroinice nem
dissipação.
Todo e qualquer motivo que ata à retaguarda sob condicionamentos
retentivos se transforma em cadeia escravizante.
Os objetos a que o homem se apega valem os preços que lhes são
emprestados, constituindo-se elos a impedirem o avanço do possuidor, na
direção do futuro...
Desapego, portanto, em forma de libertação do liame pessoal egoístico e
tormentoso que constitui presídio e patíbulo para quem se fixa negativamente
como para aquele que se faz sua vítima afetiva.
Libertar-se das aflições constritivas, asfixiantes, para marchar com
segurança.
Doa com alegria quanto possas, generosamente.
O que distribuis com equilíbrio e lucidez multiplica-se, o que reténs reduzse.
Abundância, como excesso engendram miséria e loucura.
Distende assim, mão generosa na alfândega da fraternidade, mas libera-te
da emotividade desregrada, da posse afetuosa a objetos, animais e pessoas,
porqüanto mais carinhos que te mereçam, mais devoção que lhes dês, chegará
o dia de atravessares o portal do túmulo, fazendo-o em soledade, livre de
amarras ou jungido ao que se demorará, a desgastar-se pela ferrugem, pelo
azinhavre, corroído ou simplesmente em trânsito por outras mãos ante a tua
tormentosa impossibilidade de reter e interferir.

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