Carta enviada a revista VEJA – 01 09 2010
Senhor redator.
Como espírita, assinante dessa revista há muitos anos, lamento o tom de deboche que caracterizou sua reportagem sobre o filme Nosso Lar, o
que, diga-se de passagem, também está presente em matérias sobre outras
religiões. Nesse aspecto, VEJA é uma revista coerentemente debochada.
Não respeita a crença de nenhum leitor.
Pior
são os erros de apreciação sobre a Doutrina Espírita, revelando
ignorância do repórter, uma falha perigosa, porquanto coloca em dúvida
outras matérias e informações. Como saber se os responsáveis estavam
preparados para escrevê-las, evitando fantasias e especulações?
Para sua apreciação, senhor redator, algumas “escorregadelas” do repórter:
a) Grafa
entre aspas o verbo desencarnar. Só teria sentido se ainda não houvesse
sido dicionarizado. Por outro lado, noventa por cento dos brasileiros
são espiritualistas, isto é, acreditam na existência e sobrevivência do
Espírito. Este ser imortal desencarna, jamais morre. A minoria materialista, que acredita que tudo termina no túmulo, certamente terá surpresas quando “morrer”.
b) Fala em cordilheira de ectoplasma onde se situaria Nosso Lar.
De onde tirou isso? Ectoplasma é um fluido exteriorizado pelos médiuns
para trabalhos de materialização. Os físicos, esses visionários cujas
“fantasias” acabam confirmadas pela Ciência, falam hoje que há universos
paralelos, que se interpenetram, semelhantes ao nosso. A partir daí não
é difícil imaginar o mundo espiritual descrito por André Luiz como
parte de um universo paralelo com seres e coisas semelhantes à Terra,
feitos de matéria num outro estado de vibração, não um mundo “ectoplasmático”, mas de quinta-essência material. Nada de se admirar, portanto, que em cidades desse mundo existam pessoas com “uma rotina parecida com a dos vivos: comem, bebem, trabalham e moram em casas modestas ou melhorzinhas”. Espirituoso esse “melhorzinhas”. Imagina o repórter que o Espírito é uma fumaça sem forma, sem consistência, habitando um nada?
c) Situa o aeróbus, um transporte coletivo que voa, como algo improvável. Menos mal que não tenha escrito impossível.
De qualquer forma, ignora, certamente, que pesquisadores estão
aperfeiçoando veículos dessa natureza, em alguns países, como solução
para os problemas de trânsito e que no universo paralelo, o mundo
espiritual, de matéria quinta-essenciada, é muito mais fácil resolver
problemas relacionados com a gravidade. Ou, imagina que tudo flutua por
lá?
d) Diz jocosamente que “o
visual da colônia dos espíritos de luz comprova: o brasileiro pode até
se livrar do inferno, mas não escapa nem morto da arquitetura de Oscar
Niemeyer. A cidade fantasmática de Nosso Lar é a cara de Brasília…” Não se deu ao trabalho de comparar datas e não percebeu que, mais apropriadamente, Brasília copiou Nosso Lar, visto
que a cidade espiritual foi descrita por André Luiz em 1943, enquanto a
construção de Brasília foi planejada e ocorreu no governo de Juscelino
Kubistchek, de 1956 a 1961, inaugurada em 1960.
Quanto
ao mais, seria recomendável aos repórteres de VEJA o benefício de um
estudo acurado e sem prejulgamento do livro que deu origem ao filme, psicografado
por esse atestado vivo de integridade e amor à verdade, que foi o
médium Chico Xavier, para compreenderem qual é o objetivo dessa
magistral obra, como resume o Espírito Emmanuel, no prefácio:
André
Luiz vem contar a você, leitor amigo, que a maior surpresa da morte
carnal é a de nos colocar face a face com a própria consciência, onde
edificamos o céu, estacionamos no purgatório ou nos precipitamos no
abismo infernal; vem lembrar que a Terra é oficina sagrada, e que
ninguém a menosprezará, sem conhecer o preço do terrível engano a que
submeteu o próprio coração.
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