quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Viagem nas Dimensões Sutis - por Paola Bertoldi


 A Meditação nos Corpos de Luz

Por Paola Bertoldi

Desde sempre o homem está na busca do próprio Eu, do superamento dos próprios limites, e de uma consciência cada vez maior e mais completa.
 
A meditação nos corpos de luz é uma viagem nas dimensões não materiais através da consciência dos corpos sutis, os veículos do Eu nas dimensões não materiais. Assim como o ser humano tem um corpo físico que lhe permite experimentar a vida na matéria, ele também é dotado de outros veículos que permitem ao Eu individual fazer experiências nas dimensões: vital, mental, astral, cármica e causal. Cada um dos corpos que encontraremos é o meio que permite o Eu de existir na relativa dimensão para completar as experiências que o levarão a reencontrar a Bem-aventurança, o Ananda que sustenta toda a existência.
Todo indivíduo é normalmente consciente de um eu físico, de um eu emocional, o vital de Sri Aurobindo, e de um eu mental. Esses aspectos correspondem aos mesmos invólucros de matéria cada vez mais sutil, fluida e consciente. No percurso da viagem se encontram outros três corpos de luz: o corpo astral, o corpo cármico e o corpo causal que estão conectados a dimensões de consciência cada vez mais vastas e universais.
Os três primeiros corpos – físico, vital e mental – são os veículos de expressão do nosso Eu mais exterior, da personalidade de superfície, enquanto os invólucros sucessivos – astral, cármico e causal – veiculam o ser subliminar, o ser psíquico de Sri Aurobindo, a Centelha Divina no homem.
Eis a definição de ser psíquico dada pelo próprio Aurobindo:
“O ser subliminar está por trás e sustenta o ser de superfície; é dotado de uma mente mais ampla e eficiente escondida atrás da mente de superfície, de um vital mais vasto e potente atrás do vital de superfície, de uma consciência física mais sutil e livre por trás da existência corpórea de superfície”.
A comunicação entre o ser de superfície e o ser subliminar acontece através dos chacras, profundas passagens que conectam dimensões de diferentes níveis vibratórios. E para alcançar os corpos inferiores, é preciso acelerar a vibração dos chacras antes de atravessá-los, pois a “vibração” da existência se torna cada vez mais rápida à medida que nos afastamos da densidade da matéria física.
No transcorrer da meditação, você experimentará o contato com todos os seus corpos de luz; permaneça concentrado em cada um deles por pelo menos três minutos. Se você vir imagens, ou tiver sensações, não se pergunte se tudo isso é real, ou se é fruto da sua fantasia. O conceito de realidade é apenas uma categoria mental, e tudo pode ser definido como real e irreal ao mesmo tempo. Deixe que a experiência apenas aconteça: não coloque resistência.

Eis a descrição da prática como eu aprendi nos seminários conduzidos por Selene Calloni:
Diminua a iluminação e utilize uma música suave e relaxante como música de fundo. Deite na posição de shavasana (de costas, com os braços estendidos ao lado do corpo, mas sem tocá-lo, as palmas voltadas para o alto, as pernas levemente afastadas e as pontas dos pés voltadas para fora). Mantenha os olhos suavemente fechados ou vendados, e a cabeça reta. Relaxe o corpo no chão, procurando estar confortável para poder manter a mais absoluta imobilidade. Respire com a respiração de consciência: inspire e expire suavemente com a boca entreaberta, com um ritmo um pouco mais profundo do que o espontâneo. Esse método de respiração contribui para ampliar a sua consciência e o torna mais receptivo às sensações sutis e fugazes, típicas das dimensões não materiais.
Visualize o seu corpo físico, o veículo da sua consciência na dimensão material; preste atenção em como se sente, esteja consciente das suas sensações e emoções. O corpo físico está conectado ao chakra básico e ao chakra sexual; visualize-os como uma luz vermelha e uma luz alaranjada, respectivamente, na área do períneo e dos órgãos genitais. O corpo físico está em relação com a matéria inanimada e o primeiro estágio da evolução, o estágio primitivo da humanidade, dominado principalmente pelo instinto de sobrevivência. Sinta como está no seu corpo físico, perceba distintamente cada tensão e relaxe-a: se sentir incômodo, ou dor, em alguma parte do corpo, mande a energia da sua respiração e todo o amor de que é capaz para a área que tem necessidade de cuidados.
Agora, imagine o seu corpo vital; é o corpo formado pelo prana, a energia que dá vida à matéria, pelos desejos e pelas emoções. Está conectado ao terceiro chakra, que governa as paixões e os desejos, e ao chakra cardíaco que dirige os sentimentos mais elevados do ser humano.
Visualize esses chakras, respectivamente, como uma luz amarela na região do umbigo, e uma luz na cor água-marinha colocada no centro do tórax. O corpo vital está relacionado com a vida vegetal; trata-se de um corpo de luz multicolorido que está a poucos centímetros do corpo físico. Examine atentamente com o olhar interior o seu corpo vital; observe a luminosidade, procure interrupções da luz, lacerações ou feridas, e cure-as através da respiração: a cada inspiração preencha de energia cósmica, e a cada expiração envie a energia no ponto onde está presente a ferida, deixe com que a energia a cicatrize e a cure.
Agora, imagine o seu corpo mental, o corpo formado pelos seus pensamentos. Está conectado ao chakra laríngeo, que governa as capacidades expressivas e assertivas, e ao chakra frontal, que dirige as faculdades mentais. Visualize o quinto e o sexto chakras, respectivamente, como uma luz azul no centro da garganta, e uma luz branca ou dourada colocada no centro da testa. O corpo mental está relacionado às vidas animal e humana; trata-se de um corpo de luz de cor azul claro, um pouco mais amplo que os corpos anteriores.
Examine atentamente com o olhar interior o seu corpo mental; controle a qualidade da sua luz, procure interrupções da luz, lacerações ou feridas, e cuide delas com o amor veiculado pela sua respiração.
Visualize agora o ovo búdico. O Buddhi é o nível mais elevado da mente, onde residem a inteligência e a intuição iluminadas pela consciência do Eu. O ovo búdico é um escudo de luz lilás no topo da cabeça que envolve os três primeiros corpos; está conectado ao chakra coronário, que você pode visualizar como uma luz de cor lilás no topo da cabeça. O sétimo chakra abre o ser humano para a intuição e o sobrenatural.
Agora é necessário acelerar a vibração dos chacras para entrar em contato com os corpos do ser psíquico. Visualize o chakra básico como uma luz vermelho-escuro na região do períneo, e o chakra sexual como uma luz vermelho-claro, ou laranja, na região dos genitais. Leve a sua atenção para o segundo chakra, e imagine a sua luz como um vórtice de energia vermelho-alaranjado. Entre no vórtice e comece a acelerar o movimento; imagine a sua rotação se tornar cada vez mais veloz e deixe-se levar pela espiral do vórtice até entrar em contato com o seu corpo astral, um corpo que transcende a dimensão individual e está em comunhão com o corpo da Terra, um corpo que representa as forças mais potentes da Natureza terrestre. Através dele, você pode contatar os espíritos da Natureza e perceber as emoções da Terra.
Imagine o seu corpo astral como um corpo de luz multicolorido sem forma, nem dimensão precisa, apenas maior que os corpos precedentes. Viva a sua união com o corpo de luz do planeta, e sinta o contato com os espíritos da natureza que são seus amigos e o sustentam.
Visualize agora o chakra umbilical como uma luz amarela na área do plexo solar, e o chakra cardíaco como uma luz água-marinha no centro do tórax. Leve a sua atenção para o quarto chakra e imagine a sua luz como um vórtice de energia azul-esverdeado. Mergulhe nesse vórtice e acelere o seu movimento; imagine a rotação ficando cada vez mais rápida até se sentir transportado para muito longe, em contato com o seu corpo cármico, um corpo feito de memória, a memória das suas existências individuais e a memória da espécie. A dimensão cármica transcende o espaço-tempo, e nela, você está em contato com os seus Guias Espirituais. Imagine o seu corpo cármico como um invólucro de luz verde sem forma e dimensões precisas, maior do que os corpos anteriores. O corpo cármico é formado, essencialmente, pelas suas recordações emocionais, isto é, pelo componente emocional ligado às suas lembranças. Quando você rejeita o seu passado, individual ou coletivo, e não reconhece às suas diferentes partes – por exemplo, o seu espírito selvagem, primitivo ou infantil – o direito de existir, a luminosidade do seu corpo cármico diminui e perde o seu esplendor. Ao contrário, a luminosidade desse corpo aumenta quando aceitando aprender com o passado, você constrói um futuro mais consciente.
Perceba-se na dimensão cármica em contato com seus Guias Espirituais; você pode interrogá-los, agradecê-los, pedir-lhes a sua ajuda, e celebrar com eles; sinta que não está sozinho, que sempre pode contar com a sua presença. Experimente imaginá-los, ver com que forma eles se apresentam para você. Preste atenção nas emoções e nas sensações que essa proximidade suscita dentro de você. Esteja bem atento, pois se trata de percepções muito fugazes e sutis.
Visualize agora o quinto chakra como uma luz azul clara no centro da garganta, e o chakra frontal como uma luz branca ou dourada no centro entre as sobrancelhas. Leve a sua atenção para o sexto chakra e imagine a sua luz como um vórtice de energia branca ou dourada. Entre no vórtice, e acelere o movimento; imagine a rotação tornando-se cada vez mais veloz, e deixe-se ser catapultado para bem longe, em contato com seu corpo causal, o corpo mental do ser psíquico, o qual transcende o tempo, o espaço e a natureza terrestre para abraçar todo o universo e o eterno presente. Na dimensão causal, você está em contato com os Seres de Luz, as manifestações mais evoluídas desta existência; preste atenção nas emoções e nas sensações que a proximidade com os Seres de Luz suscita em você.
Imagina o seu corpo causal como um invólucro de luz branca que se estende até onde chega a sua capacidade de estar em harmonia com tudo o que lhe circunda, com todo o universo, até onde chega a sua capacidade de amar. O corpo causal pode ser muito pequeno, ou pode se estender até compreender todas as coisas; é feito de amor e, com ele, você pode envolver qualquer coisa e qualquer ser. Envolva com o seu amor uma pessoa próxima e uma distante, quem você conhece e quem lhe é estranho. Você pode envolver uma árvore, uma floresta, uma montanha, um animal, ou o mar, e qualquer outra coisa ou criatura que você sinta amar. Sinta que pode dar amor para cada coisa, e também pode receber amor de todas as coisas: permita-se receber amor.
Por fim, visualize o sétimo chakra como uma luz lilás no topo da cabeça, e acelerando a vibração, entre em contato com o ovo gnóstico. Imagine o ovo gnóstico, um escudo de luz dourada que envolve todos os seus corpos, e que representa a interface entre o ser e o não ser, entre a existência e o Divino.
Permaneça envolto e protegido por esse escudo de luz por todo o tempo que quiser. Quando achar oportuno terminar a prática, volte lentamente à respiração espontânea através do nariz e comece a retomar o contato com o seu corpo, fazendo pequenos movimentos, e depois, espreguice-se como se despertasse de um longo sono.
Finalmente, sempre empregando todo o tempo que for necessário, restabeleça-se, abra os olhos, trazendo consigo as sensações que experimentou e uma renovada capacidade de amar e de ser amado.

- Paola Bertoldi - operadora holística e rebirther com diploma F.A.R.O. de Holos Svizzera, conduz sessões individuais e de grupo. É autora do livro: “Meditazione é riscoprire la gioia”, editado por Demetra.

(Texto traduzido do jornal “Mantra”, periódico quadrimestral de Holos Italia – Associazione Culturale per lo Studio delle Tecniche Olistiche e della Cultura e Spiritualitá Orientale – Torino, Itália - Ano III – nº 1 – fevereiro/2000.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário